As grandes intuições, que o Apóstolo Paulo nos deixa, para uma verdadeira arte pastoral, perante a urgência de uma nova evangelização.
Assim:
1. Aprendemos de Paulo a sermos primeiramente “de Cristo”, “agarrados por Ele” ensinados por Ele, tendidos para a frente e estendidos para Ele, como recebedores da sua graça, como se em tudo o que somos e fazermos, vivêssemos permanentemente «agrafados a Ele», até nos tornarmos seus imitadores.
2. Aprendemos de Paulo a sermos homens de uma só coisa, a tempo inteiro, concentrados e orientados completamente para Cristo, “como uma seta directa a uma meta, a um alvo, a um objectivo tão intenso e claro, que na vida de cada um só poder haver um”. Hão-de ser as coisas de Deus e as coisas da comunidade a merecer o nosso zelo pastoral.
3. Aprendemos de Paulo, que somos o que somos, pela graça de Deus e que o nosso apostolado decorre dessa graça, que é, para nós, como para o Apóstolo, a verdadeira nascente da vida quotidiana. Há-de dizer-se de nós, como de Paulo, que “a sua vida privada era a apostólica”. Somos chamados a levar, por diante, uma evangelização vivida e afectiva, personalizada e a tempo inteiro e até ao fim.
4. Aprendemos de Paulo que a evangelização deve começar, não tanto por apresentar ideias, mas por proporcionar encontros, de modo a facilitar “o encontro” das pessoas com Cristo, como base da identidade e da missão de cada cristão, num mundo paganizado, insensibilizado, de braços caídos, ao qual é preciso levar o lume de Cristo!
5. Aprendemos de Paulo a correr mais por dentro, e não “a correr por fora”, “a correr agarrados, numa mão a Cristo e noutra apertando a de um irmão e outro irmão, como uma verdadeira multidão em comunhão”. Cristo há-de ser aquele que a todos une, que a todos nos hifeniza, isto é, que a todos nos liga, em rede de comunhão. Importa despertar e formar a consciência de todos os membros da Igreja, para que se sintam verdadeiramente “comunidade dos chamados”, grupo dos escolhidos por Deus e que respondem ao seu chamamento.
6. Aprendemos de Paulo que ninguém evangeliza sozinho, decorrendo daí a absoluta necessidade de chamar, apoiar e formar muitos e bons cooperadores, com uma metodologia de evangelização, assente numa relação personalizada, íntima e calorosa, coração a coração. O título de cooperadores mostra que no trabalho de evangelização não há trabalhadores solitários, por conta própria.
7. Aprendemos de Paulo a dar testemunho de Cristo, com uma dedicação maternal e paternal, a cada um e a tempo inteiro, “gerando” filhos, dando-os à luz na dor, acalentando-os, exortando-os um a um, portanto, com tempo e total dedicação, persistência, paciência e zelo.
8. Aprendemos de Paulo, que as nossas relações pessoais e pastorais hão-de ser sempre quadrilaterais: cada um evangeliza sempre com os outros, está ao serviço de uma comunidade, como servidor da sua alegria, e todos estão unidos pelo mesmo amor de Cristo, que ama e chama cada um. “Cooperadores precisam-se, para formar uma rede de evangelizadores. Já ouvistes chamar pelo teu nome”?!
9. Aprendemos de Paulo que a missão é «obra da graça» e «trabalho de amor» e que este trabalho, não se faz sem luta! Trabalhamos e lutamos, ou trabalhamos lutando, esperando também do Povo de Deus, que “lute connosco, nas orações”!
10. Aprendemos de Paulo a valorizar a «casa» e a família, como lugar e protagonista da evangelização, aprendendo, daí, a construir também a «casa da Igreja», como novo espaço relacional, verdadeira família de Deus. Em conclusão, sabemos que o nosso serviço de evangelização já não pode consistir simplesmente em evangelizar o outro, até um certo ponto (até ser crismado, por exemplo) mas em evangelizá-lo, até que ele, enamorado de Cristo, sinta a necessidade de se constituir em evangelizador.