Guião para a Entrevista

O grupo ao qual pertenço, elaborou um Guião para um Entrevista
semi-estrutrada. osteriormente, iremos trabalhar em Grupo/Turma um Guião
comuma todos nós.

Eis o nosso trabalho:

Este trabalho, realizado no âmbito da UC de Metodologias de Investigação em contexto online, do Curso de Mestrado Pedagogia em e-Learning, da Universidade Aberta, tem como objectivo a produção em equipa de um guião para uma entrevista.

Guião para a Entrevista

INTRODUÇÃO O guião destina-se a orientar uma entrevista semi – estruturada com o intuito de estudar a forma como os amigos dos estudantes deste mestrado percepcionam o ensino a distância.

Os objectivos deste estudo são:

Saber o que pensam pessoas que nunca tiveram experiência de ensino a distância sobre o ensino a distância;
Saber como é que valorizam e/ou desvalorizam o ensino a distância, pessoas que nunca tiveram experiência de ensino a distância;
Saber o que sentem as pessoas que nunca tiveram experiência de ensino a distância do facto de serem amigas de estudantes de mestrado em Ensino a Distância.

O processo para a recolha de dados escolhido foi a entrevista semi-estruturada o que pode ser uma mais valia para o estudo, já que permite a aceder a uma grande quantidade de informação e de esclarecer alguns aspectos da informação prestada, que de outra forma ficariam ocultos. Se realizada em contexto online, traz o problema de conseguir um instrumento capaz de a tornar exequível.
A construção do guião da entrevista envolveu três fases distintas: pesquisa individual sobre os métodos de recolha de dados, pesquisa sobre a utilização de entrevistas e sobre as técnicas de entrevista; preparação em equipa de um guião para uma e-entrevista; apresentação dos guiões e discussão em fórum geral e construção de um guião comum para uma e-entrevista.

PLANEAMENTO Entrevistados: amigos que nunca tiveram experiências de ensino a distância, contactados previamente e a quem são explicitados os objectivos do estudo e esclarecida a razão pela qual foram escolhidos, mostrando a importância da sua participação nas respostas, do tempo de duração previsto na sua realização, devendo, por isso, combinar-se a data e a hora.
Local da entrevista: No Messenger ou no GTalk, conforme a possibilidade do entrevistado.
Tempo: Prevê-se que a duração não ultrapasse a hora e meia, mas a entrevista pode ser interrompida e retomada mais tarde, sempre que se justificar, de acordo com as possibilidades dos intervenientes.

Quando se contactar os possíveis entrevistados devemos esclarecer bem o seguinte:
Objectivos do estudo e sua razão de ser;
O tempo estimado da entrevista e o facto de poder ser interrompida;
O meio através do qual o entrevistado prefere ser abordado: Messenger ou GTalk
Por fim, deixar bem claro que o anonimato será salvaguardado.

ENTREVISTA
O entrevistador deve ter em conta as perguntas discutidas para cada uma das questões, mas pode reformular e alterar a ordem no decorrer da entrevista, devendo permitir que o entrevistado discorra, mas controlando sempre que o mesmo não se esteja a desviar do assunto em estudo.

Perguntas tipo:
1) Para conseguir saber o que pensam pessoas que nunca tiveram experiência de ensino a distância sobre esta modalidade de ensino, gostava que me dissesse:
1.1. Já ouviu / ouviste falar da modalidade de ensino à distância?

1.1.1 Se sim, como defines / define ensino a distância?

1.2. Conheces/conhece mais alguém, além de mim, que frequente ou já tenha frequentado um curso a distância?

1.3. Já ponderaste/ponderou a hipótese de frequentar um curso a distância? Porquê?

1.3.1. Se sim, o curso seria voltado para a sua actividade profissional ou não?

1.3.2. Que tipo de curso?
– Formação?
– Licenciatura?
– Pós-graduação?

2) Outro dos objectivos desta entrevista é saber como é que valorizam e/ou desvalorizam o ensino a distância. Por isso, gostava que:
2.1. Indica / Indique duas razões que possam levar as pessoas em geral a frequentar um curso a distância.

2.2. Refere / Refira dois aspectos positivos que para ti/si distingam claramente o ensino a distância do ensino presencial.

2.2.1 Que pontos fracos encontras / encontra nesta modalidade de ensino (ensino a distância)?

3) Também precisamos de saber como é que sentem o facto de ser amigo de um estudante de mestrado em Ensino a Distância. Tendo isto presente, diga-me:
3.1. A teu/seu ver, a minha vida pessoal e/ ou profissional sofreram alterações após ter ingressado no mestrado?
3.2. Quais dos aspectos sofreu mais alterações?
3.3. De que forma foram alterados?
3.4. As razões que identificaste/identificou anteriormente relacionam-se com facto de ter ingressado num mestrado ou de ter ingressado num mestrado a distância?

Obrigado pela tua/sua colaboração.

RECOLHA DOS DADOS
As respostas serão recolhidas através da transcrição num processador de texto, recorrendo à técnica do copy/paste.
Posteriormente, são retirados todos os dados que permitam identificar, de alguma forma, os entrevistados, por terceiros. Salvaguarde-se que se no decorrer da entrevista o entrevistado quiser referir dados pessoais e, se devidamente advertido, permitir que fiquem registados, estes não serão eliminados.
O entrevistador passará, posteriormente, a agrupar as respostas dadas pelo entrevistado, de acordo com os objectivos de investigação. Constituindo, cada um dos três objectivos de investigação, um capítulo distinto em torno do qual se agrupam as respostas dadas.
Os dados serão agrupados da seguinte forma: primeiro as respostas mais directas ao formulário pré-definido, seguindo-se os outros dados discorridos pelo entrevistado que ajudam a perceber melhor, clarificar e ampliar as respostas iniciais.

Andando no Del.ici.ous!

A utilização da ferramenta Del.ici.ous tem sido uma experiência que o Grupo/Turma tem desenvolvido, através da partilha de fontes de informação, disponibilizando o endereço, o título e um breve resumo do conteúdo, bem como as respectivas tags que permitem arrumar as referências por temas e sub-temas.
Está a superar a minha expectativa inicial, esta possibilidade de partilha.
Na segunda actividade da UC Metodologia de Investigação em Contexto online, das minhas contribuições, destaco os seguintes textos, por terem sido aqueles que mais trabalhei.

ANÁLISE DE DOCUMENTOS: MÉTODO DE RECOLHA E ANÁLISE DE DADOS
Neste texto, da autoria Sílvia Santos Calado e Sílvia Cristina dos Reis Ferreira, procura-se compreender naquilo que consiste a «análise de documentos», os cuidados a ter na recolha, as suas limitações e vantagens.

A estrutura do Processo de Recolha de Dados on-line
Este artigo de Ana Pinheiro e Bento Duarte Silva apresenta um estudo sobre a recolha dados recorrendo ao e-mail, com uma reflexão sobre as respectivas vantagens e limitações, tanto mais que o público-alvo são instituições do ensino superior português.

Inquérito por Entrevista
Este texto é um trabalho académico que aborda a entrevista como método de recolha de dados. Foi elaborado na Universidade do Minho, pelas alunas: Anabela Carneiro, Irina Freitas e Lurdes Cardoso.

Metodos de recoleccion de datos para una investigación
Este artigo, elaborado pelas engenheiras Mariela Torres e Karim Paz, demonstra que Uma pesquisa cientificamente válida deve ser alicerçada em informações verificáveis que mostre o que se pretende demonstrar, a hipótese formulada. Por isso, é essencial fazer um processo de recolha de dados de forma planeada e com objectivos claros. Este artigo apresenta um conjunto de critérios a considerar na elaboração do instrumento de recolha de informação.

Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais
Este artigo de Valdete Boni e Sílvia Jurema Quaresma aborda a importância da entrevista como uma técnica de recolha de dados subjectivos em ciências sociais. São diversos os tipos de entrevistas mais utilizados: a entrevista projectiva, entrevistas com grupos focais, história de vida, entrevista estruturada, aberta e semi-estruturada. Reflecte sobre a importância destes tipos de entrevistas, as suas vantagens e desvantagens.

Natal!!

Num tempo em que comemoramos a Encarnação do Verbo, onde a Palavra de Deus chega à sua plenitude (isto para quem acredita, claro), reassume-se o valor da palavra. Aquela realidade mágica que nos pode levar à Lua, fazer sonhar, mas também ficar triste, matar a alegria de viver. Haverá maior crime que o homicídio? E o homicídio verbal??…
Deixo um vídeo da Diana Andringa, de excelente qualidade, que mostra como as palavras fazem a realidade e como as palavras são acolhidas de acordo com a «realidade» que temos na cabeça.

Vá lá… Façamos Natal. Não acreditas em Deus? Procura, ao menos acreditar nos homens.

Natal!!

Num tempo em que comemoramos a Encarnação do Verbo, onde a Palavra de Deus chega à sua plenitude (isto para quem acredita, claro) , reassume-se o valor da palavra. Aquela realidade mágica que nos pode levar à Lua, fazer sonhar, mas também ficar triste, matar a alegria de viver. Haverá maior crime que o homicídio? E o homicídio verbal??…
Deixo um vídeo da Diana Andringa, de excelente qualidade, que mostra como as palavras fazem a realidade e como as palavras são acolhidas de acordo com a «realidade» que temos na cabeça.

Vá lá… Façamos Natal. Não acreditas em Deus? Procura, ao menos acreditar nos homens.

Avaliação em contextos de e-learning

Um leitura do artigo de BARBERÀ, E. (2006) “Aportaciones de la tecnología a la e-Evaluación”. RED. Revista de Educación a Distancia, Año V. Número monográfico VI.

Aconselho uma leitura na íntegra, mas aqui está uma visão minha do referido texto.

Avaliação da prática educativa virtual

Pontos fortes:

– a flexibilidade de horário e de tempo (24x7x365);

– a informação que se dá a um aluno d ensino à distância sobre a totalidade da sequência didáctica que será realizada num tempo concreto e programado;

– o ciberespaço, como espaço de ensino e aprendizagem supõe o acesso a a uma grande quantidade de informação e comunicação;

Pontos débeis:

– uma certa inflexibilidade instrucional, na qual a docência acaba por se converter num conjunto de tarefa com datas de início e de fim, sem grnade relação interna entre si;

– o retorno qualitativo que se verifica dos trabalhos realizados na rede, porque o contributo dos professores e dos alunos, ainda que cheios de possibilidades de aprendizagem, acabam por ser um ponto débil;

– falta de critérios de avaliação e de comunicação de resultados;

– a interacção do aluno e do professor sobre os conteúdos é outros dos aspectos frágeis do ensino em contextos virtuais;

– uma certa sensação que o aluno tem de se sentir enganado, pois vai realizando tarefas e sendo avaliado, mas tem dificuldade em ter uma visão de conjunto da matéria e da sua progressão.

Influências da avaliação

A avaliação em si tem algumas influências positivas:

– de tipo motivacional, pois o simples facto de o aluno saber que vai ser avaliado coloca-o mais desperto para aprender e colaborar nas tarefas;

– um certa influência de consolidação, pois ao avaliar, se bem programada esta avaliação, ajuda o aluno a consolidar a matéria apreendida;

– influência de carácter antecipatório. Ao saber como vai ser avaliado no contexto de ensino e aprendizagem ajuda o aluno a ter directrizes claras de como actuar neste contexto.

Conceito multidimensional sobre a avaliação

No geral, a avaliação é reconhecida mas não conhecida.

Avaliação da aprendizagem

A avaliação que nos dá como resultado a conformidade de saber se os alunos são capazes, diante da sociedade de saber e de ser competentes num determinado âmbito.

Avaliação para a aprendizagem

Na avaliação para a aprendizagem a principal eixo motivador é a retroalimentação e o aproveitamento que os alunos e professores tiram dela.

Avaliação como aprendizagem

Esta avaliação contempla a própria aprendizagem da dinâmica avaliativa enquanto análise e reflexão das próprias práticas educativas levadas a cabo pelos alunos.

Avaliação a partir da aprendizagem

Os conhecimentos prévios e o sentido prévio com que o aluno acede à aprendizagens tornam-se elementos essenciais para a docência, podendo a partir de ali apoiar aquilo que se ensina aos alunos.

Contributos das TIC

Avaliação automática

O maior ganho desta prática tem a ver com a visualização imediata das respostas correctas, o que é muito importante para os alunos, mas também apra os professores porque a sua acção de retroalimentação apoia-se aqui.

Avaliação Enciclopédica

As vantagens desta vertente avaliativa tem diferentes aspectos, quer se trate de alunos ou professores. Para os alunos é notório que se trata de um notável ganho devido ao acesso rápido e relativamente cómodo a uma grande quantidade de informação diversificada, de distintas fontes na internet.

Mas o inconveniente é o considerável aumento de possibilidade de plágio, criando problemas não só instrucionais como também institucionais.

Avaliação colaborativa

Uma vantagem metodológica que a tecnologia dá é a possibilidade de avaliar não só o produto colaborativo, mas também o processo. No trabalho colaborativo virtual, o professor oferecer e receber distintos aspectos instrucionais válidos para a aprendizagem.

Mas há o inconveniente de que alguns alunos recorrem ao e-learning com a expectativa de realizarem as tarefas de forma isolada.

Processo de avaliação

A avaliação é mais do que os instrumentos de recolha de evidências avaliativas. Tem havido alguma confusão entre avaliação e instrumentos de avaliação através dos quais se recolhem os dados avaliáveis, e também confundir avaliação com a classificação que merece as referidas aprendizagens.

A comunicação dos resultados serve para clarificar e exercer a função mais normativa da avaliação, mas também para desenvolver a psico-pedagogia, dando uma importância nuclear às ajudas educativas e ao feedback num contexto virtual.

Feedback virtual como direito e como dever

A proposta consiste em transladar a atenção do local em que a temos tido até agora (nos instrumentos) para a reflexão sobre o diálogo avaliativo que se gera a partir da aplicação dos instrumentos.

Acreditamos que os alunos têm direito a melhorar as suas próprias produções a partir do próprio desenho da avaliação e isso também acarreta deveres para eles. O feedback virtual abre campos a uma necessária revisão e chama a atenção dos alunos sobre a qualidade dos seus contributos. Há que distinguir entre participação (quantidade) e interacção (qualidade).

Um dos núcleos básicos da interacção é a interacção estabelecida através dos processos de feedback que adaptam e readaptam de maneira progressiva o conhecimentos, ajustando-o de um modo correcto.

Conclusão: num contexto de melhoria contínua há-de de planificar-se os desenhos e as instruções que traduzam como um ente realmente complexo e articulado que procure uma avaliação com quatro perspectivas: avaliação da aprendizagem, avaliação para a aprendizagem, avaliação como aprendizagem e avaliação desde a aprendizagem.

Poema do Menino Jesus


Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu tudo era falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas –
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque nem era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E que nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o Sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar para o chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou –
“Se é que ele as criou, do que duvido.” –
“Ele diz por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres.”
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.

… … … … … … … … … … … … … … … … … … …

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é por que ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre.
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do Sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos dos muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

… … … … … … … … … … … … … … … … … … …

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

… … … … … … … … … … … … … … … … … … …

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?

Alberto Caeiro