Consciente da indiferença religiosa que carateriza a sociedade atual, à Igreja impõe-se, cada vez mais, a missão apostólica de evangelizar toda a Humanidade, anunciando e transmitindo a todos a Boa Nova de Jesus Cristo e a Sua mensagem universal de salvação. A evangelização é a missão e a razão de ser da Igreja: ela recebeu de Jesus Cristo a missão de anunciar o Evangelho a todos os homens e fazer deles discípulos de Jesus: «Ide por todo o mundo e fazei com que os Povos se tornem meus discípulos» (Mt. 28, 19).
Num contexto cultural adverso, onde o cristianismo corre o risco de aparecer como uma voz entre tantas outras, urge encontrar caminhos novos que vão ao encontro das pessoas afastadas, iluminando-as com o evangelho. Neste sentido, a catequese assume-se como um momento prioritário na missão evangelizadora da Igreja, uma vez que educa o catequizando na fé cristã e lança as primeiras bases de adesão a Jesus Cristo, a fim de os conduzir à plenitude da vida cristã, assim como ao compromisso com o testemunho do Evangelho no mundo. Ao levar os catequizandos à descoberta, à amizade e ao seguimento de Jesus Cristo, a ação catequética é, na verdade, uma base preciosa de apoio ao processo de evangelização que a Igreja se encontra incumbida de realizar. Com efeito, e tal como afirma o Directório Geral da Catequese «a comunidade cristã não vive sem catequese, uma vez que é através dela que novos cristãos se formam» (DGC 221).
Todavia, para que a catequese seja, de facto, um momento estruturante e essencial do esforço evangelizador da Igreja, é preciso que cada cristão, enquanto discípulo de Jesus Cristo, se consciencialize da sua missão em anunciar o Evangelho e o Seu desígnio salvífico, através do testemunho da sua fé e do serviço ao Reino de Deus. Na verdade, a vivência da fé na comunidade cristã, bem como o testemunho fiel do Evangelho são condições essenciais para uma verdadeira evangelização: «Mais do que nunca, portanto, o testemunho da vida tornou-se uma condição essencial para a eficácia profunda da pregação. Sob este ângulo somos, até certo ponto, responsáveis pelo avanço do Evangelho que nós proclamamos» (EN 76). Assim sendo, só uma Igreja renovada e fortalecida na fé que professa, cujos membros estejam conscientes da sua missão profética, pode apresentar Jesus Cristo como fonte de esperança e de salvação.
Ora, neste processo de renovação da Igreja, a catequese não pode continuar a ser entendida como uma simples iniciativa baseada na boa vontade de alguns e na improvisação. Daí decorre a necessidade de pensar, de organizar e de atualizar a catequese; buscar novos rumos; animar os catequistas e criar, entre todos os membros da comunidade, uma autêntica comunhão eclesial, pois todos partilham da missão evangelizadora da Igreja. O próprio Directório Geral da Catequese aponta para a importância de uma efetiva coordenação da catequese da comunidade cristã, uma vez que esta visa «a unidade da fé, a qual sustenta todas as ações da Igreja» (DGC 272). Com efeito, a organização da catequese na paróquia não é uma dimensão meramente superficial que pertença só ao pároco e ao catequista. Pelo contrário, é importante a formação de uma equipa coordenadora que assuma a sua missão articuladora e animadora da catequese, promovendo a união de esforços e fomentando, entre os seus membros, a participação, a cooperação, a corresponsabilidade, de forma a tornar eficaz todo o processo catequético. As pessoas convidadas a formar esta equipa têm que ter um coração grande, cheio de amor, humildade, abnegação e simplicidade, a fim de realizarem, com alegria, a missão para que foram convocados.
Equipa Paroquial de Catequese
Por outro lado, salienta-se que, a cada um dos membros integrantes desta equipa coordenadora, são atribuídas responsabilidades distintas. Vejamos:
O Pároco é o primeiro responsável, como delegado do bispo, na organização da catequese na comunidade cristã. A ele compete-lhe: suscitar na comunidade cristã o sentido da responsabilidade comum em relação à catequese, como uma tarefa que a todos envolve, bem como suscitar o reconhecimento e o apreço pelos catequistas e pela missão que desempenham; suscitar e discernir vocações para o serviço catequético e, como catequista dos catequistas, cuidar da sua formação; integrar a ação catequética no projeto evangelizador da comunidade; assegurar a relação entre a catequese da sua comunidade e os planos pastorais diocesanos, ajudando os catequistas a tornarem-se cooperadores ativos de um projeto diocesano comum, bem como cuidar da organização de fundo da catequese e da sua adequada programação, contando com a participação ativa dos próprios catequistas e estando atento, para que seja bem estruturada e bem orientada. No que respeita esta organização, refere-se que, antes do ano lectivo terminar, o pároco deve dar início às inscrições para as matrículas na catequese, para assim poder organizar os anos catequéticos com a equipa coordenadora. O pároco representa a catequese no seu todo; nada se organiza sem o seu consentimento.
O coordenador é um catequista eleito pelos catequistas e pelo pároco ou escolhido por este. Deve exercer o seu ministério com alegria e ser o elo de unidade entre os vários membros da comunidade. Tem por missão animar os catequistas; abrir novos horizontes; pelo que deve atualizar-se continuamente, estando em sintonia com as orientações diocesanas; criar um clima de acolhimento, de partilha e de confiança entre todos os membros. Deve estar atento ao cumprimento do programa, aos registos de assiduidade dos catequizandos, como também dos catequistas e a sua pontualidade. Incentiva e auxilia a realização de reuniões de pais com os catequistas.
O coordenador caracteriza-se, assim, pelo serviço que presta como animador, pela distribuição das tarefas, pela confiança que deposita nos catequistas, pelo amor aos pais dos catequizandos, pela vivência comunitária, pela preocupação com a formação dos catequistas, pelo relacionamento humano, afectivo, carinhoso e alegre, mesmo nas dificuldades. Deve ser uma pessoa aberta capaz de acolher sugestões, aceitar com humildade as críticas, apontar sempre uma luz nas horas difíceis.
Acima de tudo, o coordenador deve elaborar um projeto catequético participado capaz de gerar um processo de educação da fé na comunidade.
O Secretário é proposto pelo coordenador ou eleito para executar o processo burocrático, ou seja, manter os dados da organização catequética paroquial em dia. O secretário vai atualizando o ficheiro de catequistas, dos catequizandos, dos anos de catequese, e regista informações importantes da catequese paroquial ou diocesana, comunicando aos catequistas as informações recebidas através de uma circular, quadro de avisos… Este preenche e entrega as informações que lhe forem pedidas; mantém o quadro de avisos com as informações úteis para a catequese, mensagens, aniversários e actividades conjuntas.
O tesoureiro também é proposto pelo coordenador ou eleito. A sua função é coordenar as contas e fazer os balanços. É ele que compra os materiais necessários (catecismos, guias, cartolinas…), mas deve apresentar periodicamente as contas à equipa coordenadora.
Tarefas da Equipa Paroquial de Catequese
Não obstante, ainda que, a cada um destes membros integrantes da equipa coordenadora sejam atribuídas responsabilidades diferentes na organização do processo catequético, esta tem também tarefas comuns, as quais devem ser realizadas com a plena participação de todos os seus membros, a saber:
Animação: A primeira tarefa da equipa deverá ser a de criar condições, para que todos os catequistas participem do trabalho realizado na paróquia. Animar significa “gerar vida” e entusiasmado significa “cheio de Deus”. Estas duas características são importantes numa equipa, para que esta tenha capacidade de criar condições de levar todos os membros da comunidade a participar com entusiasmo e a esforçarem-se por uma busca do melhor para a comunidade cristã;
Comunhão fraterna: A equipa coordenadora deve fomentar a comunhão fraterna entre os catequistas, para que estes se tornem testemunhas vivas daquilo que anunciam. Assim, a equipa deve:
– incentivar a um bom nível de relacionamento interpessoal entre o grupo de catequistas;
– ajudar cada um a conviver com as diferenças uns dos outros;
– proporcionar espaços de partilha construtiva, numa visão de fé;
– criar um ambiente fraterno, de alegria e responsável, para que a convivência do grupo se torne um bom testemunho na comunidade cristã;
– incentivar à participação em eventos sectoriais da Arquidiocese;
– sugerir ao pároco que a comunidade custeie o estudo e formação dos catequistas;
– promover ações de formação permanente.
Antes de anunciar a Palavra de Deus e formar comunidade, o grupo de catequistas deve formar, entre eles, uma verdadeira comunidade de discípulos do Cristo, que sirva de ponto de referência para os catequizandos;
Mobilização: A equipa coordenadora deve promover a união entre todos, apesar das diferenças pessoais de cada um. Esta mobilização deve passar por todas as pessoas que formam a comunidade, através de uma boa articulação e coordenação, sempre numa linha de corresponsabilidade;
Organização: É tarefa desta equipa organizar todo o ano de catequese e ajudar os catequistas a superar as suas dificuldades, mesmo no âmbito da organização por anos.
Por fim, sendo, sem dúvida, a planificação anual do Ano Catequético uma das atividades mais importantes e trabalhosas que a equipa coordenadora realiza, deixamos, aqui, em jeito de partilha, uma possível forma de planificar o ano catequético:
Planificação anual
Uma boa organização parte sempre da avaliação final do ano. Assim, ao terminar o ano pastoral, já se deve planificar o ano seguinte. Aliás, é importante saber-se, com antecedência, se há catequistas suficientes para o próximo ano, assim como a definição das datas, para que não haja coincidência de compromissos.
Deste modo, numa reunião do conselho da catequese, ou, na falta deste, da equipa coordenadora deve determinar-se:
– o começo e término da catequese;
– as férias intercalares;
– as festas do Itinerário Catequético ( ter presente as diferentes propostas dos catecismos);
– as celebrações que contemplem a presença de todos os catequizandos e mesmo a participação da comunidade (Natal, Páscoa, Penitenciais, Via-sacra…);
– as reuniões de catequistas;
– as reuniões com os pais (gerais e por cada ano);
– as festas e convívios (magusto, passeio, festa do Bom Pastor, festa de encerramento…);
-a catequese e a liturgia;
– a missa com a participação das crianças;
– o mês de Maria;
– a quaresma – vivência do tríduo pascal …
– outras devoções da religiosidade popular (padroeiro da Paróquia…).
No que respeita a planificação de cada ano catequético, o catequista responsável de cada ano e seus colaboradores devem planificar o seu ano catequético tendo em atenção a planificação geral da catequese. É conveniente conjugar bem o tempo, tendo presente cada bloco, e, ao mesmo tempo, o caminhar do ano litúrgico.
Concluindo, coordenar é, pois, integrar, dinamizar e incentivar a caminhada da catequese, em harmonia com as opções diocesanas, paroquiais, e segundo as exigências de uma catequese renovada. Como condição essencial para o correto exercício da sua missão, aqueles que integrarem esta equipa deverão ser dotados de uma grande capacidade de empenho, de entusiasmo; espírito de comunhão e participação; humildade; testemunho de vida; capacidade para trabalhar em equipa, afetividade e espírito de fé e oração.