«Perante o Coração de Cristo, é possível voltar à síntese encarnada do Evangelho. […] É por isso que a oração mais popular, dirigida como um dardo ao Coração de Cristo, diz simplesmente: “Eu confio em Vós” [de S. Maria Faustina Kowalska]. Não são necessárias mais palavras» (§90).
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1. Apresentação geral
A encíclica Dilexit Nos do Papa Francisco (24 de outubro de 2024) está organizada por uma breve introdução, cinco capítulos e uma conclusão. Cada um deles aborda aspetos específicos do amor divino e humano do Coração de Jesus.
Na Introdução (apenas um parágrafo) é apresentado o tema central da encíclica: o amor do Coração de Jesus como resposta às crises contemporâneas, como sejam a secularização, o consumismo e a violência no mundo atual.
O 1º Capítulo reflete sobre a A Importância do Coração (§§ 2-31). Aí se reflete sobre o simbolismo do coração na tradição cristã e a sua relevância espiritual. O Papa destaca que o coração é o centro da vida humana, onde se unem razão, emoção e vontade.
§ 5 – O coração como símbolo de unidade entre Deus e a humanidade.
§15 – A necessidade de voltar ao coração num mundo positivista.
O 2º Capítulo versa sobre Os Gestos e Palavras de Amor de Cristo (§§32-47). Inspirado por passagens bíblicas, o capítulo apresenta o Coração de Jesus como expressão máxima do amor divino. É descrito como um convite à conversão pessoal e à ordenação da afetividade.
§39 – Reflexão sobre o encontro de Jesus com o jovem rico (Mc 10,21), destacando o olhar de amor de Cristo.
§50 – A necessidade das Escrituras na compreensão do amor divino.
O 3º Capítulo intitula-se Este é o Coração que Tanto Amou (§§48-91). Trata de explicar detalhadamente a devoção ao Sagrado Coração na história da Igreja, desde Santa Margarida Maria Alacoque até os dias atuais. Enfatiza a reparação como resposta ao amor de Cristo, mas só o vai explicitar completamente, mais diante, da dimensão social é que explica o conceito “reparação”.
§85 – A reparação como remoção dos obstáculos ao amor divino.
§100 – A devoção ao Sagrado Coração como fonte de renovação espiritual.
O 4º Capítulo foca-se na Experiência Espiritual Pessoal (§92-163), na dimensão individual da devoção ao Sagrado Coração, incentivando os fiéis a aprofundarem a sua relação com Cristo através da oração e contemplação.
§130 – O repouso no Coração de Jesus como experiência transformadora.
§138 – A “reparação social” como construção da civilização do amor.
O 5º Capítulo, e último, – Amor por Amor – centra-se no Compromisso Comunitário e Missionário (§§164-217). Destaca a dimensão social e missionária da devoção e o Papa convida os fiéis a viverem o amor do Coração de Jesus em ações concretas, promovendo a justiça, a fraternidade e a solidariedade.
§187 – A importância de pedir perdão.
§200 – O papel da Igreja em testemunhar o amor misericordioso de Cristo no mundo.
Na Conclusão (§§218-220), encerra com um apelo à Igreja para ser testemunha viva do amor transformador do Coração de Jesus, especialmente em tempos de crise global.
2. Contexto teológico
2.1. Histórico
A Encíclica do Papa Francisco não é a primeira sobre o Sagrado Coração de Jesus. Já em 15 de maios 1956 o papa Pio XII tinha publicado a Haurietis Aquas. Ambas têm elementos de continuidade e, também, de inovação.
Como elementos de continuidade, destaca-se a centralidade do Sagrado Coração de Jesus, como símbolo do amor divino e humano de Jesus. Pio XII enfatiza que o culto ao Sagrado Coração é essencial para a espiritualidade cristã e para compreender o amor salvífico de Deus, ao passo que o Papa Francisco reafirma essa centralidade, apresentando o Coração de Jesus como um compêndio do Evangelho e fonte de misericórdia, amor e espiritualidade. Outra das temáticas em continuidade é o permanente chamamento à conversão e vivência espiritual. Pio XII convida os fiéis a uma devoção transformadora que aprofunde a fé e promova a união com Deus, ao passo que o Papa Francisco retoma esse apelo, mas com uma ênfase renovada na necessidade de uma espiritualidade que responda aos desafios contemporâneos. Se quisermos, Pio XII é mais intimista e Francisco mais social e transformador, o que se compreende tendo em conta a época em que cada um dos documentos foi publicado.
Também há algumas diferenças a destacar. A primeira é que a Haurietis Aquas foi escrita num momento em que a devoção ao Sagrado Coração enfrentava uma crise, buscando revitalizá-la como resposta às necessidades espirituais do mundo moderno pós-guerra, por seu turno, a Dilexit Nos surge num contexto marcado pela secularização, crises sociais e tecnológicas. Francisco aborda o “esvaziamento do coração” na sociedade contemporânea, propondo o Sagrado Coração de Jesus como antídoto à desumanização e ao consumismo. Este cultivar da “sabedoria”, mais do que a erudição reveste-se de muita importância na cultura atual e, consequentemente, nos nossos Centros (cf. §160).
O texto do Papa Pio XII concentra-se na dimensão teológica e espiritual da devoção, sublinhando o seu valor na vida interior dos fiéis, ao passo que o Papa Francisco amplia essa visão ao conectar a espiritualidade do Coração de Jesus com questões sociais, como a fraternidade, a justiça e o cuidado com a criação, alinhando-se ao ethos das suas encíclicas anteriores como Laudato Si’ e Fratelli Tutti. Enquanto Pio XII se foca no mistério do amor divino como fundamento da devoção, Francisco explora também o aspeto humano do amor de Cristo, destacando a sua relevância prática para reorganizar a vida pessoal e comunitária.
Cada uma, a seu modo, as encíclicas complementam-se ao enfatizar o significado teológico e prático do Coração de Jesus na vida cristã.
Pio XII, Haurietis Aquas
§49 – Destaca o lado transpassado de Cristo como fonte de uma fé mais profunda e do acolhimento do amor divino, incentivando os fiéis a abrirem-se ao mistério do amor salvífico de Deus.
§62 – Explica que o culto ao Sagrado Coração não é apenas um conhecimento intelectual, mas uma experiência pessoal do amor divino, que transforma a vida dos crentes.
§72 – Sublinha a importância de modelar a vida no amor salvífico de Cristo, reafirmando a centralidade dessa devoção para a espiritualidade cristã.
Francisco, Dilexit Nos
§6 – Reflete sobre o coração como revelação da verdadeira identidade humana e divina, conectando o Coração de Jesus com a necessidade contemporânea de recuperar a nossa afetividade espiritual.
§ 19 – Apresenta uma síntese das passagens bíblicas relacionadas ao Coração de Jesus, propondo um caminho espiritual baseado na ternura e no desejo transformador do amor divino.
§39 – Oferece uma meditação sobre o encontro pessoal com Cristo, exemplificado pela interação com o jovem rico em Mc 10,21, como um convite à conversão e ao cuidado inspirado no Coração de Jesus.
2.2. Doutrinal
2.2.1. O coração é o cerne da pessoa humana; o mundo perdeu o seu coração
Parece quase óbvio, talvez até simples, mas o Papa Francisco acha que precisamos ouvir: estamos num período da civilização humana em que estamos, na melhor das hipóteses, sob séria ameaça de perder o nosso coração, ou, na pior das hipóteses, já o perdemos e precisamos desesperadamente de o recuperar.
O coração revela «quem realmente somos» (§6), escreve o Papa Francisco, pois é «a morada do amor em todas as suas dimensões espirituais, psíquicas e até físicas» (§21), «um núcleo que se esconde por trás de todas as aparências exteriores, mesmo por trás dos pensamentos superficiais que podem nos desviar» (§4).
As nossas perguntas existenciais mais profundas — Quem sou eu, realmente? O que estou à procuram? Que direção quero dar à minha vida, às minhas decisões e às minhas ações? Por que e com que propósito estou neste mundo? … Quem eu quero ser para os outros? Quem sou eu para Deus? — podem ser respondidas por uma única e mais fundamental pergunta: «Eu tenho um coração?» (§23). Essas perguntas que nos ocupam profundamente e nos permitem dar sentido à nossa existência são ponderadas e mantidas no coração, assim como Maria que, no dizer de São Lucas, prezava e ponderava sobre todas as coisas no seu coração. (§19; Lc 2,19 e 51).
O coração não é apenas a sede da «profunda emoção» (§16), onde descobrimos quem somos, mas é também o lugar onde nasce o amor: o amor incondicional de Deus por nós e do qual flui a nossa capacidade de amar os outros. No nosso coração, descobrimos o “fogo ardente” dessa capacidade, «se aí reina o amor, a pessoa realiza a sua identidade de forma plena e luminosa, porque cada ser humano é criado sobretudo para o amor; é feito nas suas fibras mais profundas para amar e ser amado» (§21).
E é, em última análise, nesta descoberta do amor de Deus por nós, na profundidade e unidade do nosso ser, que aprendemos a amar os outros, que é a essência do que significa ser seguidores de Cristo: «Perante o Coração de Jesus vivo e atual, o nosso intelecto, iluminado pelo Espírito, compreende as palavras de Jesus. Assim, a nossa vontade põe-se em ação para as praticar. Mas isso poderia permanecer como uma forma de moralismo autossuficiente. Ouvir, saborear e honrar o Senhor pertence ao coração. Só o coração é capaz de colocar as outras faculdades e paixões e toda a nossa pessoa numa atitude de reverência e obediência amorosa ao Senhor» (§27). É este o coração que precisamos recuperar se quisermos curar o nosso próprio coração: «O amor de Cristo está fora desta engrenagem perversa e só Ele pode libertar-nos desta febre onde já não há lugar para o amor gratuito. Ele é capaz de dar coração a esta terra e reinventar o amor lá onde pensamos que a capacidade de amar esteja morta para sempre» (§218).
2.2.2. A importância do afeto, não apenas do intelecto
Na secção de abertura da encíclica, Francisco contrasta a complexa riqueza do coração com o domínio mais facilmente controlável da inteligência e da vontade. Embora muitos possam se retirar para espaços aparentemente mais seguros, Francisco diz que isso resulta num atrofiamento da ideia de um centro pessoal, no qual o amor, no fim, é a única realidade que pode unificar todas as outras (cf. §10).
Francisco continua a sua crítica a uma mentalidade excessivamente racionalista ou tecnocrática, que é uma marca bem vincada do seu pontificado. Ele também alerta para o facto de que os nossos pensamentos e vontades, distintos dos nossos corações, são facilmente previsíveis, portanto, capazes de serem manipulados, inclusive por algoritmos digitais que nos alimentam com informações personalizadas (§14).
Para corrigir uma dependência excessiva da clareza conceptual que pode parecer transmitir a verdade sem resultar em conversão profunda, ou mesmo transformar-se num «moralismo autossuficiente» (§27), Francisco faz referência à atenção que Santo Inácio de Loyola dá à “afeição”, dizendo que na transformação da vida «não se trata de discursos racionais que devem ser postos em prática, passando-os para a vida, de modo a que a afetividade e a prática fossem simplesmente as consequências – dependentes – de um conhecimento adquirido» (§24). Para terminar, o segundo capítulo da encíclica pode ser visto quase como um mini-retiro, no estilo inaciano, visando à conversão e ordenação da afetividade.
2.2.3. A Igreja precisa de aprofundar o amor, mais do que reformar as estruturas
Desde o início do seu papado, o Papa Francisco tem alertado fortemente contra a tendência da Igreja de voltar o seu olhar para si mesma ou de se absorver no que ele chama de “mundanismo espiritual” (cf. EG 97-99). Nesta última encíclica ele desenvolve mais essa temática, dizendo que
«o Coração de Cristo liberta-nos, ao mesmo tempo, de um outro dualismo: o de comunidades e pastores concentrados apenas em atividades exteriores, em reformas estruturais desprovidas de Evangelho, em organizações obsessivas, em projetos mundanos, em reflexões secularizadas, em várias propostas apresentadas como requisitos que, por vezes, se pretendem impor a todos. O resultado é, muitas vezes, um cristianismo que esqueceu a ternura da fé, a alegria do serviço, o fervor da missão pessoa-a-pessoa, a cativante beleza de Cristo, a gratidão emocionante pela amizade que Ele oferece e pelo sentido último que dá à vida. Em suma, outra forma de transcendentalismo enganador, igualmente desencarnado» (§88).
Francisco parece estar a implorar àqueles que se deixam levar pelos seus próprios planos e visões para a Igreja, seja por meio de rigorosa adesão às estruturas atuais ou por uma reforma radical da mesma, para se reorientarem para a necessidade de um amor reavivado. Na conclusão da encíclica, ele escreve:
«A Igreja também precisa dele [do amor de Cristo], para não substituir o amor de Cristo por estruturas ultrapassadas, obsessões de outros tempos, adoração da própria mentalidade, fanatismos de todo o género que acabam por ocupar o lugar daquele amor gratuito de Deus que liberta, vivifica, alegra o coração e alimenta as comunidades. Da ferida do lado de Cristo continua a correr aquele rio que nunca se esgota, que não passa, que se oferece sempre de novo a quem quer amar. Só o seu amor tornará possível uma nova humanidade» (§219) e Igreja, já agora.
2.2.4. A importância da piedade popular
Ao longo do documento, o Papa Francisco expressa a sua consciência no facto de que as imagens do Sagrado Coração de Jesus e demais imagens devocionais relacionadas a este, podem ser facilmente descartados como imagens vulgares e de má qualidade, mas ele adverte contra o descartar a devoção como um todo: «algumas destas imagens podem parecer-nos pouco atrativas e não nos mover muito ao amor e à oração. Isso é secundário, pois a imagem não é mais do que uma figura motivadora e, como diriam os orientais, não devemos fixar-nos no dedo que aponta para a lua» (§57).
Ele leva isso um passo adiante, criticando — como ele frequentemente faz — pessoas que descartam tais expressões de piedade popular como sendo excessivamente emocionais ou sem grande profundidade. Ele escreve: «Pio XII chamou “falso misticismo” a esta atitude elitista de alguns grupos que viam a Deus tão alto, tão separado, tão distante, que consideravam as expressões sensíveis da piedade popular perigosas e necessitadas de controle eclesiástico» (§86).
«Peço, portanto, que ninguém ridicularize as expressões de fervor devoto do santo povo fiel de Deus, que na sua piedade popular procura consolar Cristo. E convido cada um a perguntar-se se não há mais racionalidade, mais verdade e mais sabedoria em certas manifestações desse amor que procura consolar o Senhor do que nos atos de amor frios, distantes, calculados e mínimos de que somos capazes aqueles que julgamos possuir uma fé mais reflexiva, cultivada e madura» (§160).
2.2.5. O Sagrado Coração nos chama à reparação em “ações e palavras de amor” e não ao choro de autopiedade
Uma parte da devoção ao Sagrado Coração de Jesus envolve fazer “reparações” ao Sagrado Coração de Jesus pelos nossos próprios pecados e pelos pecados do mundo, que trouxeram e continuam a “dar tristeza” ao Sagrado Coração de Jesus. No entanto, um foco exagerado na reparação pode levantar a questão sobre a suficiência, ou não, da Redenção de Cristo. Contudo, a teologia exposta por Francisco permite acreditar que o impulso devocional de “consolar” o coração de Jesus é puro, no sentido em que emerge de sentimentos cristãos verdadeiros.
«Pode parecer que esta expressão de devoção não possua suficiente base teológica, mas o coração tem as suas razões. O sensus fidelium intui que há aqui algo de misterioso que ultrapassa a nossa lógica humana, e que a paixão de Cristo não é um mero evento do passado, pois dela podemos participar a partir da fé. A meditação da entrega de Cristo na cruz é, para a piedade dos fiéis, algo mais do que uma simples recordação. Esta convicção está solidamente fundamentada na teologia [cf. S. Tomás de Aquino, Summa Theologiæ, II-II, q. 1, a. 2, ad 2; q. 4, a. 1]. A isto junta-se a consciência do próprio pecado, que Ele carregou sobre os seus ombros feridos, e da própria inadequação perante tanto amor, que sempre nos ultrapassa infinitamente» (§154).
Dito isso, Francisco encoraja um enquadramento adequado à temática das reparações. A partir do pensamento de Santa Teresa de Lisieux ele oferece um contexto histórico e espiritual.
«Para refletir melhor sobre este mistério, socorremo-nos novamente da luminosa espiritualidade de Santa Teresa do Menino Jesus. Ela sabia que algumas pessoas tinham desenvolvido uma forma extrema de reparação, com a boa vontade de se dar pelos outros, que consistia em oferecer-se como uma espécie de “para-raios” a fim de que a justiça divina se realizasse: “Pensei nas almas que se oferecem como vítimas à Justiça de Deus, a fim de desviarem e de atraírem sobre elas os castigos reservados aos culpados”. Mas, por muito admirável que tal oferta possa parecer, ela não está muito convencida disso: “Estava longe de me sentir impelida a fazê-lo”. Esta insistência na justiça divina acaba por levar a pensar que o sacrifício de Cristo fosse incompleto ou parcialmente eficaz, ou que a sua misericórdia não fosse suficientemente intensa» (§195).
Somente Jesus salva e redime o mundo. Contudo, o Papa Francisco propõe uma estrutura de reparações que as vê como uma «reparação que oferecemos é uma participação, que aceitamos livremente, no seu amor redentor e no seu único sacrifício» (§201).
Mais, interroga o Papa, «que culto seria o de Cristo se nos contentássemos com uma relação individual desinteressada em ajudar os outros a sofrer menos e a viver melhor?» (§205). O Papa Francisco conclui que não! Somos chamados a reconciliarmo-nos com os amigos, familiares e estranhos a quem prejudicamos e que nos prejudicaram. Somos chamados a construir sociedades mais justas, pacíficas e fraternas.
Em suma, a contrição pelos nossos pecados que trespassaram o Sagrado Coração de Cristo leva-nos à tristeza, mas uma tristeza que nos mova não à autopiedade ou ao perfecionismo, mas a um amor maior a Deus e ao próximo, concretizado em obras.
3. Saúde Mental
A Encíclica “Dilexit nos” do Papa Francisco oferece diversas reflexões que podem ser aplicadas ao campo da saúde mental, integrando o amor de Deus como elemento terapêutico. Abaixo, apresentam-se estratégias fundamentadas no texto da encíclica, com indicação dos parágrafos relevantes:
3.1. Promover a Centralidade do Coração no Processo Terapêutico
O Papa sublinha a importância de “voltar ao coração” , visto como o centro do ser humano e o lugar de encontro consigo mesmo e com Deus (§§13, 18). No âmbito da saúde mental, isto sugere que as terapias devem integrar uma abordagem holística, valorizando não apenas a racionalidade, mas também as emoções e a espiritualidade.
Estratégia: Incentivar práticas como a meditação ou a oração contemplativa, que promovam um diálogo interior profundo e favoreçam a reconexão com o próprio coração.
3.2. Fomentar Relações Autênticas e Comunitárias
O Papa alerta para os perigos do individualismo e do narcisismo, que levam à “perda do desejo” e à incapacidade de estabelecer relações saudáveis (§17). Destaca que o coração é essencial para criar vínculos autênticos.
Estratégia: Criar grupos de apoio comunitário baseados na escuta empática e na partilha de experiências, ajudando os pacientes a sentirem-se acolhidos e valorizados.
3.3. Reconhecer o Amor Incondicional de Deus como Fonte de Cura
A encíclica enfatiza que o amor incondicional de Cristo é transformador, oferecendo sentido e paz ao ser humano (§§1, 26). Este amor pode ajudar as pessoas a superar sentimentos de culpa ou indignidade frequentemente associados à doença mental.
Estratégia: Introduzir momentos de reflexão sobre o amor divino em contextos terapêuticos, reforçando a ideia de que cada pessoa é profundamente amada e tem valor intrínseco.
3.4. Integrar Práticas Espirituais no Tratamento
O Papa menciona que o encontro com Cristo se dá no diálogo orante “de coração a coração”. Ele também destaca o papel da Eucaristia como fonte de libertação e paz (§57).
Estratégia: Propor práticas espirituais personalizadas, como orações ou leituras bíblicas meditativas, que possam complementar os tratamentos convencionais.
3.5. Reformar o Coração para Enfrentar Desequilíbrios
Segundo o Papa, os desequilíbrios sociais e pessoais radicam no coração humano (§29). Ele convida à reforma interior como caminho para superar crises.
Estratégia: Trabalhar com os pacientes na identificação das suas feridas emocionais mais profundas, promovendo um processo de cura que inclua perdão e reconciliação.
Estas estratégias mostram como a espiritualidade cristã pode ser integrada ao cuidado da saúde mental, ajudando os indivíduos a encontrar sentido, paz interior e relações saudáveis através do amor de Deus.