Há um texto muito lindo do card. Carlo Maria Martini sobre o corpo.
Vou respigar um pouco da parte que fala dos sacramentos de iniciação cristã.
O corpo do cristão
O cristianismo está totalmente fundado no corpo que Cristo assumiu: é a religião do Logos incarnado, da Palavra que se fez homem.
Ele é projectado no corpo do cristão que é mergulhado na água do baptismo e, depois, acompanhado ao longo dos vários momentos da vida, até à última doença e à morte, como prelúdio da ressurreição do corpo. Este corpo do cristão vive pela sua inserção no Corpo de Cristo que é a Igreja.
Portanto, o cristianismo tem no centro um corpo que nasce, cresce, comunica, reproduz-se, dilata-se, sofre, adoece, cura-se e morre; porque é fazendo-se corpo que vive a Palavra.
E todas as diversas fases do meu corpo têm um significado, uma «palavra» para que remetemos. Esta palavra é dita pelos sacramentos da Igreja, vejamos o da Iniciação Cristã.
Os sacramentos
Os sacramentos explicitam e exprimem a palavra dita pelo corpo, actualizam a sua potencialidade comunicativa.
Em cada sacramento há uma palavra que dá forma, sentido completo e vida a coisas e gestos relativos ao corpo humano e ao seu caminho para Deus, sempre em referência ao Corpo de Cristo e ao Corpo da Igreja.
O nascimento e o crescimento do corpo estão em conexão com o Baptismo, com a Confirmação e com a Reconciliação.
Alimentar-se e tornar-se adulto estão em conexão com a Eucaristia e com a Ordem sagrada.
Ser amado e amar em conexão com o Matrimónio.
O sofrimento e a morte em conexão com a Unção e o dies natalis, com o baptismo definitivo. Daqui deriva uma concepção da morte como nascimento para a vida e para a promessa da ressurreição e da transfiguração do corpo.