Quem…



Quem escuta a quem quando há silencio?
Quem empurra a quem, se um não anda?
Quem recebe mais ao dar-se um beijo?
Quem nos pode dar o que nos falta?
Quem ensina a quem a ser sincero?
Quem se aproxima a quem nos vira as costas?
Quem cuida daquilo que não é nosso?
Quem devolve a quem a confiança?
Quem liberta a quem do sofrimento?
Quem acolhe a quem nesta casa?
Quem enche de luz cada momento?
Quem dá sentido à Palavra?
Quem pinta de azul o Universo?
Quem nos abraça com a sua paciência?
Quem quer somar-se ao pequeno?
Quem mantém intacta a Esperança?
Quem está mais próximo do eterno:
o que pisa firme ou o que não alcança?
Quem se aproxima do bairro mais inseguro
e estende uma mão às suas crianças?
Quem elege a quem de companheiro?
Quem sustém a quem nada tem?
Quem se sente unido ao imperfeito?
Quem não precisa de umas asas?

Luis Guitarra

Sociedade condenada?!


«Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que a sua sociedade está condenada» (Ayn Rand, filósofa russo-americana: judia, fugitiva da revolução russa, que chegou aos Estados Unidos na segunda metade da década de 1920)

Ironia pós-moderna!

«O pós-moderno apresenta duas caras: a dissolução do obrigatório no facultativo tem dois efeitos certamente contrapostos, mas estreitamente relacionados entre si. Por um lado, a fúria sectária da auto-afirmação neotribal, o retorno à violência como instrumento principal para construir a ordem, a busca febril de verdades circunscritas que se espera que encham o vazio da ágora deserta. Por outro lado, a negação dos dirigentes da ágora de ontem de julgar, de fazer distinções, de eleger entre diferentes alternativas. Toda a opção está bem, desde que seja uma opção, e toda a ordem é boa desde que seja uma entre várias e não exclua aos outros. A tolerância dos dirigentes nutre-se da intolerância das tribos. A intolerância das tribos robustece-se com a tolerância dos dirigentes».
(Zygmunt Bauman, La sfide dell’etica, ed. Feltrinelli, Milano 2010, 147)

Sem fé pessoal não há reflexão teológica

A fé teologal, suscitada e fundada em Jesus Cristo, é assumida como elemento que institui a consciência confessante da Igreja, que lhe dá a possibilidade de conhecer a verdade sobre o destino da existência, precisamente quando ela se entrega à revelação confiável do Abba-Deus em Jesus. Captar de forma inteligível a estrutura essencial deste acontecimento de fé, que se repete sem cessar, para apreender a fundamentação reflexa da qualidade não ilusória (nem arbitrária nem dogmática) do seu princípio, é o objetivo do trabalho intelectual da teologia.
(cf. Perangelo Sequeri)