A caixinha de Beijos

Há algum tempo atrás, um homem castigou a sua filhinha de três anos por desperdiçar um rolo de papel de presente dourado. O dinheiro era pouco naqueles dias, razão pela qual o homem ficou furioso ao ver a menina a embrulhar uma caixinha com aquele papel dourado e a colocá-la debaixo da árvore de Natal. Apesar de tudo, na manhã seguinte, a menina levou o presente ao seu pai e disse: “Isto é para ti, papá!”. Ele sentiu-se envergonhado da sua reacção furiosa, mas voltou a “explodir”, quando viu que a caixa estava vazia. Gritou e disse: “Tu não sabes que, quando se da um presente a alguém, se coloca alguma coisa dentro da caixa?”. A menina olhou para cima, com lágrimas nos olhos, e disse: “Oh papá, não está vazia. Eu soprei beijos para dentro da caixa. Todos para ti, papá”. O pai quase morreu de vergonha, abraçou a menina e suplicou-lhe que lhe perdoasse. Dizem que o homem guardou a caixa dourada ao lado da sua cama durante muitos anos e, sempre que se sentia triste, mal-humorado, deprimido, pegava na caixa e tirava um beijo imaginário, recordando o amor que a sua filha ali tinha colocado.
De uma forma simples, mas sensível, cada um de nós tem recebido uma caixinha dourada, cheia de amor incondicional e beijos de nossos pais, filhos, irmãos e amigos… Ninguém possui uma coisa mais bonita do que esta.
Clube Contadores de Histórias

Noite de Natal

Se considero o triste abatimento
Em que me faz jazer minha desgraça,
A desesperação me despedaça,
No mesmo instante, o frágil sofrimento.

Mas súbito me diz o pensamento,
Para aplacar-me a dor que me traspassa,
Que Este que trouxe ao mundo a Lei da Graça,
Teve num vil presepe o nascimento.

Vejo na palha o Redentor chorando,
Ao lado a Mãe, prostrados os pastores,
A milagrosa estrela os reis guiando.

Vejo-O morrer depois, ó pecadores,
Por nós, e fecho os olhos, adorando
Os castigos do Céu como favores.


Manuel Maria Barbosa du Bocage

Uma carta ao meu catequista

Ao “desfolhar” as páginas da Internet, dei de caras com esta carta.
Em tempo de avaliação e programação para o próximo ano, talvez seja bom ler e reflectir neste texto e não perder a oportunidade de o partilhar na reunião de avaliação da catequese.
“Eu tenho 12 anos, mas já sou capaz de pensar e exprimir. O recado que eu deixo, aqui, é directo para ti, meu catequista. Não te conheço bem, mas sinto, pelo teu jeito, que posso confiar em ti. Por isso o meu recado está recheado de boas intenções, mas, como é próprio de qualquer jovem adolescente da minha idade, também tem um pouco de ameaça.
Sou um adolescente imprevisível. Alguns chamam-me até de “aborrescente”. Sei que vais entender, lê com atenção este meu pedido. Não estou bem, ando meio confuso. Dizem que é normal acontecer isto na minha idade. Todos parecem saber tudo o que acontece na cabeça de alguém que tem 11, 12, 13 anos. Mas, ao mesmo tempo em que dão palpites e conselhos, também parecem não saber quase nada. Ninguém me ajuda e poucos me apoiam. Por isso, sei que posso confiar em ti, meu catequista. Este recado que te deixo pode servir para muitos outros jovens da minha idade e para muitos catequistas da tua idade. É um alerta que eu faço. Embora eu tenha pouca idade, leio bastante, domino a Internet e quando quero, escrevo bastante. Será que me podes ajudar?
Talvez não acredites muito em mim por causa do que falam a respeito dos que têm a minha idade. Mas quero ser directo, sem rodeios, para início de conversa. Pesquisando num site sobre a juventude de hoje, encontrei esta frase de São João Calábria que me serviu de inspiração para te enviar esta carta: “eu sou de quem me conquistar”. A frase é forte, não é? Então, continua a ler o que escrevo abaixo.
Se não me deres atenção, um pouco de carinho ou até mesmo um sorriso quando eu chego, posso ser conquistado pela desobediência e de não gostar de ti.
Eu sou de quem me conquistar.
Se não me ensinas a importância da oração e não rezas comigo, como saberei rezar? Se me dizes que Deus é vingativo, assustador e perverso, como poderei gostar dele?
Eu sou de quem me conquistar.
Se não me ensinas o respeito, se não me dá atenção e não dialogas comigo, se não te interessas pela minha vida, posso ser conquistado a qualquer momento pelo desamor, pela inconstância e pelo mundo. É desses sentimentos que me vou aproximar.
Eu sou de quem me conquistar.
Se não tiveres paciência com a minha inconstância, não andarei pelo caminho que tu me queres indicar. Teimosamente, seguirei um caminho oposto, pois é da minha índole ser assim. Sou jovem, muito jovem, adoro contrariar.
Eu sou de quem me conquistar.
Se te apresentas como meu catequista e não colocas em teus actos a alegria e se não sinto em ti vontade, ânimo e crença naquilo que fazes, não direi sim ao teu convite e como poderei, em ti confiar?
Eu sou de quem me conquistar.
Se te negas a apresentar-me um Deus atraente, alegre, justo, ético, continuarei tentado a aceitar outros convites. Se não insistes comigo, as drogas, as bebidas, o cigarro, a violência, o sexo fácil, a indiferença e o consumismo irão insistir. Se não me conquistas, serei, por certo, mais um a aumentar as estatísticas dos que se dizem “sem religião”.
Se reclamas de mim e te recusas a enfrentar os desafios que se apresentam para esta conquista, agirei de forma a te afrontar. E se não fores forte, resistente e confiante na tua missão, também tu desanimarás.
E sou de quem me conquistar.
Conquista-me. Para de reclamar. Aprofunda os teus conhecimentos, procura ajuda ao ajoelhar.
Eu rezo pouco, mas ouço de muitos adultos, assim como de ti, meu catequista, o quanto é importante rezar. Mas pelo menos tenta, aceita conquistar-me. Tu lidas com pessoas, não tens como fugir disso.
Por isso, tenta, insiste, prossegue nos teus desejos de conquista. Cause em mim uma boa impressão e lembra-te: não te darei uma segunda oportunidade de me causar uma primeira boa impressão.
Empenha-te por mim, é o que eu peço.
Eu valho a pena, preciso do teu ardor e da tua coragem.
Não sou tão terrível assim. Quando eu estiver distraído, olha para mim com amor e não com raiva. Quando eu não quiser rezar na hora em que tu pedes, tem compaixão comigo e não me transformes num vilão.
Se eu não fiz o trabalho que me pediste, pede de novo, insiste. Se não te abracei, abraça-me . Se meus pais não te procuram para conversar, procura-os. Eu preciso muito de alguém que mostre interesse por mim. Fala de mim aos meus pais. Talvez assim, eles percebam que eu existo.
Eu sou de quem me conquistar.
Não desistas de mim. Eu quero tanto aprender um pouco mais daquilo que tu te propões a ensinar. Basta para isso, que realmente me queiras conquistar.”
Assinado: Um jovem catequizando
E se eu recebesse uma carta assim de um catequizando, qual seria a minha atitude?
[mafaoli.blogs.sapo.pt/11971.html]