1. A comunidade cristã é o sujeito, o ambiente e a meta da Catequese. Família, Catequese e Paróquia, assumem, em comunhão, a responsabilidade por criar o ambiente, onde a fé de cada um possa crescer com o testemunho dos outros, esclarecer-se com a ajuda dos demais, celebrar-se em comum e manifestar-se a todos. Ninguém cresce sozinho e pelas suas mãos, como ninguém cresce na fé, sem a fé dos outros e sem a graça de Deus. É no testemunho vivido da fé, que a Catequese encontra a sua base de apoio!
2. A vida «em grupo» e entre os grupos de catequese, no seio da comunidade, é já uma experiência do ser e do viver em «Igreja». O ambiente de participação activa e de responsabilidade comum, por parte de todos, quer nas celebrações, quer no compromisso efectivo, nas várias obras, iniciativas e actividades da Paróquia, facilitarão a consciência de sermos discípulos de Jesus, numa Igreja, chamada a ser comunidade e família de irmãos!
3. Entre os vários modos e momentos de evangelização, a Catequese ocupa um lugar de destaque. Ela preocupa-se por anunciar a Boa Nova, àqueles que, de algum modo, já foram, ao menos, alguma vez, sensibilizados, seduzidos, ou tocados pela beleza da pessoa de Cristo. Espera-se que, de um modo organizado, esse primeiro anúncio, seja, a seu tempo e com largo tempo, esclarecido de boa mente, acolhido no coração, e que dê frutos de vida nova. E que essa vida nova seja expressa, partilhada e fortalecida, no encontro fiel da comunidade com Cristo Ressuscitado, na celebração dos sacramentos, particularmente da Eucaristia e da Reconciliação.
4. Na verdade, a vida cristã é um facto comunitário! E se alguém, por hipotética ocupação, não pudesse dispensar mais que uma hora, por semana, para estar com o Senhor, deveria reservar esse tempo, para a participação na Eucaristia Dominical, que é verdadeiramente o ponto de chegada, o ponto de encontro e o ponto de partida da vida e da missão da Igreja. A catequese não é um à parte, uma hora para a educação religiosa ou cívica, como se fizesse algum sentido preocupar-se por não faltar a um encontro de catequese e faltar, sem qualquer justificação, à celebração da Eucaristia e aos compromissos com a vida da comunidade.
5. A Catequese não é uma aula de religião ou de moral, nem se dirige somente à capacidade de aprender e de saber bonitas coisas acerca de Deus, acerca dos sete sacramentos, dos dez mandamentos, da Igreja, da vida eterna. A Catequese propõe uma Pessoa e não uma teoria: Jesus Cristo é o Evangelho, a Boa Nova de Deus. Nesse sentido, a catequese é evangelizadora, se levar os catequizandos à descoberta, à amizade e ao seguimento de Jesus. Sem essa adesão vital de coração, à Pessoa de Jesus Cristo, qualquer moral se tornará um peso, em vez de se oferecer como um caminho de libertação.
6. Frequentar a Catequese, é bem mais do que «ir à doutrina». A Catequese é uma «educação da fé» e da «fé» em todas as suas dimensões. O mero conhecimento da «doutrina» sem a celebração e sem a sua aplicação à vida, faria da fé uma bela teoria. A celebração, sem o conhecimento dos seus fundamentos, e desligada da prática da vida, tornar-se-ia, por sua vez, incompreensível e incoerente e até mesmo «alienante». Todavia, uma fé, proposta e transmitida, que não se aprofunde na experiência da oração, jamais conduzirá a uma relação pessoal com Deus. Ora a fé, pela sua própria natureza, implica ser conhecida, celebrada, vivida e feita oração. Só assim se «segue» verdadeiramente Cristo, com toda a alma e de corpo inteiro!
7. A fé, no contexto em que vivemos, é talvez, mais uma «proposta» de sentido para a vida, do que um mero acto cultural de «transmissão». Ninguém propõe O que desconhece, nem dá O que não tem. Mas quem tem fé, e a vive, não pode deixar de a apegar aos outros e de a propagar a todos. Na educação da fé, tem papel decisivo o testemunho e o entusiasmo de todos aqueles que, na comunidade, se tornam portadores e servidores da alegria do Evangelho. Uma fé que não se apega, apaga-se!
8. Mais do que se preocuparem, porque não sabem o que responder aos filhos? os pais deveriam procurar descobrir com os filhos a Boa nova que eles receberam na Catequese, rezar com eles, participar com eles na celebração da Eucaristia. Então as respostas, serão encontradas na vida comum da fé, partilhada em família e em comunidade. Nada disto impede os próprios pais, de procurar integrar um grupo de Catequese, paralela à dos filhos, que os ajude a aprofundar as razões da sua fé, em relação com a cultura e com as responsabilidade sociais, familiares e eclesiais, que assumem diariamente.
9. Pedir a Catequese para os filhos e pôr-se de fora, em tudo o que se refere à vivência e à celebração da fé, cria uma divisão interior, uma vida dupla, que impede, quem quer que seja, de descobrir e construir a sua própria identidade cristã. Frequentar a Catequese não significa ter uma aula por semana, para garantir um diploma, uma festa ou um sacramento no fim do ano. Pedir a Catequese implica comprometer-se a caminhar com toda a comunidade, no anúncio feliz do Deus vivo e na experiência maravilhosa do encontro com Ele.
10. Não faz parte das tarefas da Catequese ocupar os tempos livres, ensinar regras de boa educação ou esgotar o tempo a decorar as fórmulas das orações comuns dos cristãos. Mesmo esperando que todo o ambiente de Catequese seja educativo e que tais orações sejam assumidas e bem compreendidas, são tarefas da catequese iniciar as crianças e adolescentes no conhecimento da fé (que se resume no Credo), na celebração (dos sacramentos), na vivência (atitudes de vida) e na experiência pessoal da fé (oração). E isso é obra de todos nós, que somos, mais uma vez, convocados pela fé.
Padre Amaro Gonçalo