Há dias em que me dá para o cinema!

Vi o “Habemus Papam” de Nanni Moretti, que tem a particularidade de “mostrar” um Vaticano em que, após a morte do Papa, é eleito um novo em Conclave. Até aqui tudo bem. Mas, na hora de ser anunciado, ele sofre um ataque de pânico, entra em depressão e precisa de fazer terapia psiquiátrica. O filme faz uma crítica à crise da Igreja no mundo de hoje. Houve momentos em que ri, para não chorar. A personagem do Papa “deprimido” tem um desempenho extraordinário e, apesar aparentar ser o mais doente, tem o discurso mais lúcido do filme!

Depois vi o “Dos Homens e dos Deuses” de Xavier Beauvais, onde se pode ‘tocar’ com o coração aquilo que é o discernimento, à luz do Mistério da Encarnação.

Foram momentos de síntese marcantes para mim, e como para recordar melhor é preciso algo que marque e que fique, elegi a música de Mercedes Sosa – “Todo Cambia”, que aparece no Habemus Papam. Mas é aí que, em ligação com o discernimento, está a solução, a meu ver: tudo muda, exceto o amor, melhor o Amor.

A propósito, ou não, d«O último segredo»

Ando há dias a terminar de ler um romance «A Alma das Pedras», de Paloma Sanchez-Garnica. Este romance versa sobre a relação entre as peregrinações a Santiago de Compostela e o culto velado ao herege Pelágio.
Logo que termine, vou ler «O último segredo» de José Rodrigues dos Santos.
Quem me conhece, poderá pensar: aquele homem não tem mais que fazer? Tanta literatura boa e anda por ali. Bom, também ando por aqui! Estes tipos de romances, de que o Código de Da Vinci é um bom ícone, são uma expressão de uma certa cultura pseudo-religiosa, que existe e está na mente e coração dos nossos contemporâneos, a quem devo, como crente, propor o sempre novo Evangelho. Daí que esta leitura é uma forma de conhecer e pensar sobre os modos como hoje o ‘religioso’ e as religiões são vistas.
Andava eu nestes pensamentos, quando vejo o texto do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura que transcrevo. É bom ouvir quem sabe, mesmo que queiramos fazer a experiência de «ir lá».

Uma imitação requentada: Nota sobre o romance “O último segredo”, de José Rodrigues dos Santos

O romance de José Rodrigues dos Santos, intitulado “O último segredo”, é formalmente uma obra literária. Nesse sentido, a discussão sobre a sua qualidade literária cabe à crítica especializada e aos leitores. Mas como este romance do autor tem a pretensão de entrar, com um tom de intolerância desabrida, numa outra área, a história da formação da Bíblia por um lado, e a fiabilidade das verdades de Fé em que os católicos acreditam por outro, pensamos que pode ser útil aos leitores exigentes (sejam eles crentes ou não) esclarecer alguns pontos de arbitrariedade em que o dito romance incorre.

1. Em relação à formação da Bíblia e ao debate em torno aos manuscritos, José Rodrigues dos Santos propõe-se, com grande estrondo, arrombar uma porta que há muito está aberta. A questão não se coloca apenas com a Bíblia, mas genericamente com toda a Literatura Antiga: não tendo sido conservados os manuscritos que saíram das mãos dos autores torna-se necessário partir da avaliação das diversas cópias e versões posteriores para reconstruir aquilo que se crê estar mais próximo do texto original. Este problema coloca-se tanto para o Livro do Profeta Isaías, por exemplo, como para os poemas de Homero ou os Diálogos de Platão. Ora, como é que se faz o confronto dos diversos manuscritos e como se decide perante as diferenças que eles apresentam entre si? Há uma ciência que se chama Crítica Textual (Critica Textus, na designação latina) que avalia a fiabilidade dos manuscritos e estabelece os critérios objetivos que nos devem levar a preferir uma variante a outra. A Crítica Textual faz mais ainda: cria as chamadas “edições críticas”, isto é, a apresentação do texto reconstruído, mas com a indicação de todas as variantes existentes e a justificação para se ter escolhido uma em lugar de outra. O grau de certeza em relação às escolhas é diversificado e as próprias dúvidas vêm também assinaladas.
Tanto do texto bíblico do Antigo como do Novo Testamento há extraordinárias edições críticas, elaboradas de forma rigorosíssima do ponto de vista científico, e é sobre essas edições que o trabalho da hermenêutica bíblica se constrói. É impensável, por exemplo, para qualquer estudioso da Bíblia atrever-se a falar dela, como José Rodrigues dos Santos o faz, recorrendo a uma simples tradução. A quantidade de incorreções produzidas em apenas três linhas, que o autor dedica a falar da tradução que usa, são esclarecedoras quanto à indigência do seu estado de arte. Confunde datas e factos, promete o que não tem, fala do que não sabe.

2. Chesterton dizia, com o seu notável humor, que o problema de quem faz da descrença profissão não é deixar de acreditar em alguma coisa, mas passar a acreditar em demasiadas. Poderíamos dizer que é esse o caso do romance de José Rodrigues dos Santos. A nota a garantir que tudo é verdade, colocada estrategicamente à entrada do livro, seria já suficientemente elucidativa. De igual modo, o apontamento final do seu romance, onde arvora o método histórico-crítico como a única chave legítima e verdadeira para entender o texto bíblico. A validade do método de análise histórico-crítica da Bíblia é amplamente reconhecida pela Igreja Católica, como se pode ver no fundamental documento “A interpretação da Bíblia na Igreja Católica” (de 1993). Aí se recomenda o seguinte: «os exegetas católicos devem levar em séria consideração o caráter histórico da revelação bíblica. Pois os dois Testamentos exprimem em palavras humanas, que levam a marca do seu tempo, a revelação histórica que Deus fez… Consequentemente, os exegetas devem servir-se do método histórico-crítico». Mas o método histórico-crítico é insuficiente, como aliás todos os métodos, chamados a operar em complementaridade. Isso ficou dito, no século XX, por pensadores da dimensão de Paul Ricoeur ou Gadamer. José Rodrigues dos Santos parece não saber o que é um teólogo, e dir-se-ia mesmo que desconhece a natureza hipotética (e nesse sentido científica) do trabalho teológico. O positivismo serôdio que levanta como bandeira fá-lo, por exemplo, chamar “historiadores” aos teólogos que pretende promover, e apelide apressadamente de “obras apologéticas” as que o contrariam.

3. A nota final de José Rodrigues dos Santos esconde, porém, a chave do seu caso. Nela aparecem (mal) citados uma série de teólogos, mas o mais abundantemente referido, e o que efetivamente conta, é Bart D. Ehrman. Rodrigues dos Santos faz de Bart D.Ehrman o seu teleponto, a sua revelação. Comparar o seu “Misquoting Jesus. The Story Behind who Changed the Bible and Why” com o “O Último segredo” é tarefa com resultados tão previsíveis que chega a ser deprimente. Ehrman é um dos coordenadores do Departamento de Estudos da Religião, da Universidade da Carolina do Norte, e um investigador de erudição inegável. Contudo, nos últimos anos, tem orientado as suas publicações a partir de uma tese radical, claramente ideológica, longe de ser reconhecida credível. Ehrman reduz o cristianismo das origens a uma imensa batalha pelo poder, que acaba por ser tomado, como seria de esperar, pela tendência mais forte e intolerante. E em nome desse combate pelo poder vale tudo: manobras políticas intermináveis, perseguições, fabricação de textos falsos… Essa luta é transportada para o interior do texto bíblico que, no dizer de Ehrman, está texto repleto de manipulações. O que os seus pares universitários perguntam a Ehrman, com perplexidade, é em que fontes textuais ele assenta as hipóteses extremadas que defende.

4. Resumindo: é lamentável que José Rodrigues dos Santos interrogue (e se interrogue) tão pouco. É lamentável que escreva centenas de páginas sobre um assunto tão complexo sem fazer ideia do que fala. O resultado é bastante penoso e desinteressante, como só podia ser: uma imitação requentada, superficial e maçuda. O que a verdadeira literatura faz é agredir a imitação para repropor a inteligência. O que José Rodrigues dos Santos faz é agredir a inteligência para que triunfe o pastiche. E assim vamos.
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura
© SNPC | 23.10.11

YOUCAT – Catecismo Jovem da Igreja Católica

Acabei de passar algum tempo com o YOUCAT nas mãos. Está muito bonito, agradável, sintético e incisivo!
O Catecismo, seja ele qual for, é sempre jovem, porque a sua jovialidade e beleza vêm da adesão a Jesus Cristo, que é sempre jovem: cheio de novidade, encanto e vida.
Mas esta edição, coordenada pelo Cardeal Christoph Schoenboorn, actual Arcebispo de Viena, está com uma redacção e grafismo muito agradável. O facto de este Cardeal ter sido o Secretário Geral do Catecismo da Igreja Católica dá-nos a certeza de esta edição destinada aos jovens, par além dos conteúdos, mantém a dinâmica interna do CCE.
A editora Paulus, que o edita em Portugal, além de o traduzir adaptou-o também ao nosso contexto, através da escolha de imagens ‘portuguesas’.
Mas mais do que o que eu diga, vejamos excertos a obra aqui.

Avaliar para projectar a Pastoral

Texto do Sr. D. Jorge Ortiga para os trabalhos do Conselho Pastoral Arquidiocesano. [o sublinhado é meu]

Permiti que inicie este encontro do Conselho Pastoral com as palavras do grande teólogo Karl Rahner:

As pessoas já não serão cristãs pela simples força do hábito, da tradição, da história ou da ordem estabelecida. Ainda menos, pelo facto da fé impregnar universalmente a sociedade. Pelo contrário, se exceptuarmos a influência exercida pelos pais cristãos, o ambiente familiar ou os pequenos grupos restritos, as pessoas já não serão capazes de ser cristãs, se não for graças a uma fé verdadeiramente pessoal que sem cessar deverão fazer crescer. A Igreja terá entrado, pela vontade do Senhor, Mestre da história, num tempo novo. Em todos os domínios ficará reduzida às únicas forças da fé e da santidade: não poderá contar quase nada com o prestígio de uma instituição puramente exterior. Não será já a instituição a formar os corações, mas sim os corações a fazer subsistir a instituição.”

Vivemos tempos novos. É um facto. Tempos que exigem atitudes renovadas pela força do Espírito Santo que nos impele a sair do Pátio de Jerusalém para o Pátio dos Gentios, Pátio do Encontro. Esta responsabilidade missionária recorda-nos essencialmente a novidade da transmissão da fé pelo testemunho pessoal do encontro transfigurante com Cristo. A Pastoral nunca poderá ser repetitiva, uma espécie de fotocópia com alterações de circunstância litúrgica ou canónica, mas deve sim reflectir a sua adequação à mudança dos tempos na fidelidade à memória cristã.
Definitivamente, e é preciso dizê-lo de forma clara, já não estamos em tempo de cristandade, de agirmos segundo critérios e opiniões meramente pessoais. Sem darmos conta caímos facilmente no relativismo eclesial, em que cada um faz dos seus gostos pessoais critério absoluto de toda a pastoral. O que de si é já um paradoxo que S. Paulo denuncia: “Quando, pois, vos reunis, não é a ceia do Senhor que comeis, pois cada um se apressa a tomar a sua própria ceia […] Por isso, meus irmãos, quando vos reunir para comer, esperai uns pelos outros” (1Cor 20.33).
A abertura aos novos tempos também não pode significar um apego acrítico e sem consistência. Significa, pelo contrário, duas atitudes constitutivas de um novo agir eclesial: a necessidade permanente de avaliar e a serenidade ousada de projectar o futuro. Não podemos ter medo de avaliar. É fácil elaborar Planos Pastorais, difícil é pararmos para reflectir o caminho andado e aceitar as deficiências e a responsabilidade por não ter atingido os objectivos.
Infelizmente constato que há comunidades que não só não se deixaram interpelar pelos objectivos propostos porque nunca ouviram falar das propostas diocesanas. Interrogo-me também se os nossos movimentos conseguem articular a peculiaridade do seu carisma com as orientações diocesanas? Se os Institutos Religiosos conseguem situar-se no nosso contexto enriquecendo-o com as suas potencialidades? Não quero formular nenhum juízo nem muito menos condenar alguém. Na sinceridade que preocupa um responsável pela Arquidiocese, só pretendo suscitar uma avaliação que manifeste verdadeira corresponsabilidade eclesial nos resultados que os três anos destinados à Palavra deixaram ou não na vida dos crentes e das comunidades cristãs.
Se avaliar exige frontalidade, o Conselho Arquidiocesano de Pastoral não pode eximir-se à responsabilidade de ver o futuro e projectar um itinerário que consolide as opções pastorais já delineadas no sentido de determinar uma evangelização capaz de congregar os cristãos em torno do anúncio da Boa-Nova do Reino. Todos sonhamos com uma Igreja renovada através de comunidades renovadas. Mas é preciso pensar primeiramente que Igreja somos e que queremos ser? Como vivemos a dimensão comunitária e pessoal da fé? Como acolhemos o “mistério” da revelação de Deus? Será que a secularização da sociedade secularizou a vida dos sacerdotes e dos leigos deixando-nos a mercê do sabor dos ventos da moda e do materialismo vazio? Como podemos continuar a falar do sentido de Deus se vivemos uma fé sem sentido nem assentimento? O tempo actual está ávido da esperança de Deus, que é fonte de toda a sabedoria e de toda a beleza.
Demos graças a Deus pela Igreja que somos e não fechemos o coração a Cristo que continua a bater no coração de cada pessoa. O Mestre quer entrar e cear connosco numa comunhão festiva que congregue a todos. Na alegria de fazermos festa não posso deixar de pedir às comunidades uma maior atenção às orientações económico-sociais de muitas famílias, à real situação de solidão em que muitos irmãos vivem, à perplexidade que caracteriza o presente de muita gente e se agrava num horizonte que parece não ter saída. O caminho da Igreja é dizer bem alto que há sentido na vida a partir de Deus.
Que o trabalho deste Conselho Pastoral, reunido para avaliar o caminho realizado até aqui e para pensar no amanhã, contribua para a renovação e para o fortalecimento da comunhão da Igreja bracarense.
Centro Cultural, 26-02-11
Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz



A Anunciação

Mas a realidade expressa pelo título cheia de graça é fundamental para a realização dos desígnios salvíficos de Deus. Realidade essa que coloca Maria numa situação absolutamente excepcional e única para colaborar no plano de Deus, pois prepara-a de uma forma sublime para conceber e dar à luz o Filho do Altíssimo. Daqui deriva também a singularidade e unicidade do seu lugar no mistério de Cristo. Perante este mistério, comunicado por Gabriel, ela dialoga consigo mesma: medita naquilo que lhe estava a acontecer. E assim Maria não duvida, mas entrega-se à vontade de Deus a seu respeito. E Deus continua a obra que nela começou; dará à luz o Filho de Deus, não por acção humana, mas por obra do Espírito, porque esse filho vai ser chamado Filho do Altíssimo. Sinal disso mesmo é o seu nascimento, também ele virginal, para que os homens vejam que Ele é de facto o Filho de Deus. 

Espiritualidade do Catequista

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Desde sempre, Deus chama na sua Igreja a pessoas concretas que, em razão do Baptismo e pelo dom do Espírito Santo, são enviadas para que percorram os caminhos dos homens, anunciando-lhes a Boa Nova da salvação. Estes enviados são os catequistas que, tal como Jesus Cristo, se hão-de aproximar de todos os homens, dizendo-lhes o amor salvífico de Deus(Cf AG 15). Esta missão que o catequista realiza na Igreja de Jesus Cristo, precisamente porque é um envio, remete o catequista sempre Àquele que o envia, a Quem está na origem da sua missão: ao Deus de Jesus Cristo. O catequista é, então, um apóstolo que participa da missão da Igreja.

Formar Catequistas, testemunhas da fé

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Este é o trabalho que realizei para obter o IIº Grau em Teologia (Mestrado).

Na altura em que apresentei este trabalho (Junho de 2003) li o seguinte texto. Peço desculpa por não ser em português, mas lá a maioria das pessoas só sabia castelhano 😉

Formar catequistas, testigos de la fe

Yo he escogido este tema por dos motivos. El primero tiene que ver con la percepción de la realidad catequética en Portugal y de mi diócesis en particular, que en mi entender necesita de una atención urgente y prioritaria. El segundo motivo es la indicación de mi Obispo, que después de una partilla de impresiones, se ha mostrado muy interesado en la reflexión de este asunto, pues lo ve como una gran contribución para la catequesis diocesana.
Como hipótesis de trabajo, he tratado la formación de catequistas a partir del concepto de Iniciación cristiana, donde la iniciativa de Dios tiene el papel preponderante y que desborda toda la pedagogía. De este modo, profundando el concepto de Iniciación cristiana, mirando sus implicaciones en el hacer catequesis, iremos descubrir la identidad del catequista y sus consecuentes implicaciones formativas.
El método que vamos a seguir es descubrir lo que dicen las fuentes del Magisterio sobre la catequesis y la misión del catequista.
Esta monografía tiene el siguiente itinerario:
Empieza por una breve descripción de la realidad de la catequesis y de los catequistas, de una forma muy genérica.
En el capítulo siguiente miramos el concepto de iniciación cristiana como un itinerario de conversión y las consecuencias que derivan de ahí para la misión del catequista.
En el capítulo siguiente vamos abordar la identidad del catequista, como alguien que es llamado por la Iglesia con la misión de transmitir la fe.
La espiritualidad del catequista va a ser el tema del capitulo siguiente.
El último capitulo va a ser dedicado a elaborar las líneas de fuerza de la formación de los catequistas.
En el primero capitulo, donde se hace una primera aproximación a la realidad, hemos podido ver que allá, los catequistas son esencialmente laicos, jóvenes, del sexo femenino y con un nivel académico y de formación muy bajo, siendo que su formación catequética es muy floja. Hay muchas lagunas, sobretodo en la formación doctrinal y espiritual.
En el segundo capitulo tuvimos presente el concepto de catequesis que la Iglesia presenta, que es la catequesis de Iniciación cristiana.
De este modo, se trata de formar catequistas que sean capaces de transmitir no solo una enseñanza, sino también una formación cristiana integral, desarrollando tareas de iniciación, educación y enseñanza. Son necesarios catequistas que sean al mismo tiempo maestros, educadores y testigos.
La catequesis que el catequista es invitado a realizar es la de una autentica iniciación, ordenada y sistemática, a la revelación divina, que Dios ha realizado con el hombre, en Jesucristo, y que es conservada en la Iglesia. Esta revelación es anunciada de generación en generación, a través de una ‘traditio’ viva. El catequista es parte integrante (cf DGC 66).
La catequesis, dentro del proceso evangelizador, es el momento en que se estructura la conversión a Jesucristo, en un esfuerzo de fundamentación de esa misma adhesión, iniciando a la plenitud de la vida cristiana (cf DGC 63). Desde los tiempos apostólicos, el hacerse cristiano exige un camino de iniciación, con diversas etapas. Este camino puede ser realizado rápida o lentamente, como refiere el Catecismo, y el modelo inspirador será siempre el catecumenado bautismal de adultos (cf DGC 90). Y, una vez que es un proceso de conversión, es esencialmente gradual y cristocentrico, porque está al servicio de aquel que ha decidido seguir Jesucristo.
El proceso gradual de iniciación cristiana integra, en simultaneo, la propuesta de la fe y la celebración de los sacramentos: “El eslabón que une la catequesis con el Bautismo es la profesión de fe, que es, a un tiempo, elemento interior de este sacramento y meta de la catequesis. La finalidad de la acción catequética consiste precisamente en esto: propiciar una viva, explícita y operante profesión de fe. Para lograrlo, la Iglesia transmite a los catecúmenos y a los catequizandos la experiencia viva que ella misma tiene del Evangelio, su fe, para que aquéllos la hagan suya al profesarla” (DGC 66)
Es innegable que en lo cuadro cultural en que vivimos, el catequista también debe de suscitar la conversión a la fe inicial de aquellos que se aproximan de la catequesis, y de alimentar la fe de aquellos que ya han concluido el proceso de iniciación cristiana.
 La Iglesia necesita hoy de unos catequistas, en función de este tipo de catequesis: la catequesis de iniciación, como ya he referido. En la línea de lo que dice el Catecismo, “el que está llamado a “enseñar a Cristo” debe por tanto, ante todo, buscar esta “ganancia sublime que es el conocimiento de Cristo”; es necesario “aceptar perder todas las cosas … para ganar a Cristo, y ser hallado en él” y “conocerle a él, el poder de su resurrección y la comunión en sus padecimientos hasta hacerme semejante a él en su muerte, tratando de llegar a la resurrección de entre los muertos” (Flp 3, 8-11). De este conocimiento amoroso de Cristo es de donde brota el deseo de anunciarlo, de “evangelizar”, y de llevar a otros al “sí” de la fe en Jesucristo. Y al mismo tiempo se hace sentir la necesidad de conocer siempre mejor esta fe (CCE 428-429).
El capitulo tercero trata de la identidad del catequista, que es un llamado por Dios, en su comunidad concreta, para seguir el mismo Señor en la misión de catequista. Por esto, el catequista es una persona con una fe profunda, que conoce bien el Señor y ha adherido a Su persona. Pero lo hace en la Iglesia, donde se percibe que el catequista tiene de tener una clara identidad eclesial, proveniente da su adhesión a Jesucristo y de Su seguimiento.
La identidad del catequista es definida no solo por su personalidad de cristiano, común a todos los cristianos, sino también por su misión especifica en la Iglesia. El catequista transmite la fe de la Iglesia como testigo y punto de contacto con la tradición de los Apóstoles.
El catequista es entonces una persona de fe profunda, que conoce los misterios de Dios y vive en plena comunión con ellos, inmerso en el amor de Dios. Vive estos misterios en la Iglesia, por eso es dotado de una clara identidad eclesial y cristiana.
 En un mundo marcado por el pluralismo de formas de pensar y de vivir, donde la uniformidad ya no existe, son necesarios catequistas firmes en sus convicciones cristianas y con capacidad de transmitir esa fe, donado las razones de su esperanza, que está fundamentada en convicciones serias provenientes del Evangelio.
A lo largo de su formación, el catequista hade ser ayudado a inserirse en la conciencia viva y actual que la Iglesia tiene del Evangelio, tornándose así apto para transmitir la Buena Nueva, en nombre de la Iglesia, participando del deseo que la Iglesia tiene de anunciar a todas las generaciones el tesoro que ella guarda y transmite integra y fielmente: la fe. Por eso la preocupación misionera del catequista es una realidad bien presente.
Porque el catequista es un enviado de la comunidad para hacer discípulos del Señor, la misma comunidad se renueva con aquellos que la Iglesia genera en su misión maternal.
En su formación, el catequista debe de ver desarrollada su espiritualidad – y este es el tema del cuarto capitulo – a punto de lo ayudar a vivir en la docilidad al Espíritu, que “prepara a los hombres, los previene por su gracia, para atraerlos hacia Cristo. Les manifiesta al Señor resucitado, les recuerda su palabra y abre su mente para entender su Muerte y su Resurrección. Les hace presente el Misterio de Cristo, sobre todo en la Eucaristía para reconciliarlos, para conducirlos a la Comunión con Dios, para que den “mucho fruto” (Jn 15, 5. 8. 16)” (CCE 737). A luce de lo que hemos dicho anteriormente podemos ya afirmar que esta espiritualidad debe de ser cristocentrica, pneumatologica y eclesial.
Cristocentrica: el catequista deberá de tener comunión con Cristo, sendo testigo y señal de esa comunión con Jesucristo, que convida cada persona a vivir como hombre nuevo, tal como lo refiere San Pablo en la carta a los Efesio. El catequista es, entonces, un discípulo del Señor que vive en la obediencia de la fe el seguimiento existencial del Señor Jesús y esta condición de discípulo, que escucha el Maestre y vive en dependencia personal de Él. Es una característica fundamental de la vocación y misión del catequista.
Pneumatologica: la misión del catequista será tanto mejor cuanto sea realizada en unión con Dios, o sea, cuanto  más el enviado esté en unión con Aquel que envía. El principal catequista es el Espíritu Santo, lo que lleva a asumir una postura humilde de servo de la acción de Dios. La espiritualidad pneumatologica lleva, antes de más, a vivir en la docilidad del Espíritu Santo, y en dejarse plasmar interiormente por El, para que el catequista se torne lo más semejante a Cristo. No se puede testimoniar Jesucristo sin espejar su imagen, que es gravada en el cristiano por la gracia del Espíritu Santo, como lo refiere Juan Pablo II en la Redemptoris Missio.
Eclesial: todos los ministerios y vocaciones brotan del seno de la Iglesia, para la edificación de la misma. Existe una ligación profunda entre Cristo y la Iglesia y la evangelización, pues es la Iglesia que tiene por misión evangelizar. la espiritualidad del catequista debe tener presente su ser Iglesia, de la cual es miembro, vivo, que lo envía para, a través de la iniciación cristiana, edificar la Iglesia y favorecer el crecimiento de la comunidad cristiana.
La espiritualidad del catequista debe, además, fundamentar su misión de testigo, porque el testimonio es una forma de revelación y también motivo de credibilidad. Además de esto, la alegría y el gozo del anuncio de la Buena Nueva de Jesucristo es una característica propia de la espiritualidad del catequista. Es precisamente la alegría del catequista, como gozosa participación en la vida del Espíritu, la demostración más evidente de que la Buena Nueva que anuncia le ha llenado su corazón.
Llegado aquí vamos subrayar una de las características fundamentales del catequista, que es el de ser testigo de la fe. Pues en el ejercicio de la transmisión de la fe, el testimonio es esencial y permite, en virtud de su propia naturaleza, mostrar mas palpablemente la realidad de la fe, la vitalidad de la fe verdadera, la proximidad de Cristo. Gracias al testimonio, la Iglesia podrá afirmar delante del hombre de hoy la fuerza y la belleza de la fe (Cf NMI 16)
El catequista, como testigo de Cristo, narra en unión con el Espíritu Santo y en Iglesia, aquello que le ha sucedido, aquello que ha transformado su vida. Al hacer esto, torna presente hoy en la historia el acontecimiento revelador de Jesucristo, acontecimiento contemplado desde la fe, que vivifica su vida y constituí cada catequista como narrador personal de aquello que lo hace entrar en comunión con el testimonio apostólico. De esta forma, la actividad del catequista, como de toda la catequesis, al testimoniar la fe de la Iglesia, recría la experiencia actual del hombre, abriendo el camino de la esperanza y de la salvación. No se está a prestar un autentico servicio a la Palabra, al acto de transmitir la fe, si la mente y el corazón del hombre no se transforman a través del contacto con el Misterio divino.
Después de que hemos visto, muy sumariamente, lo que es la misión del catequista, vamos subrayar algunas líneas inspiradoras de su formación, tal como lo hemos visto en el quinto capitulo.
La primera es la cualificación espiritual. “La verdadera formación alimenta, ante todo, la espiritualidad del propio catequista, de modo que su acción brote, en verdad, del testimonio de su vida. Cada tema catequético que se imparte debe nutrir, en primer lugar, la fe del propio catequista”(DGC 239). El hecho de que el catequista sea un educador de la fe impele a que se implique en una intensa vida espiritual, siendo este el aspecto cimero y de más valor de su personalidad, y por lo tanto, el prioritario en su formación. Tal como dice el Papa Juan Pablo II: “El verdadero catequista es el santo”.
El crecimiento espiritual hade ser logrado a través de la comunión de vida y de amor con Jesucristo, que llama y envía cada catequista. En la comunión con el Señor, el catequista encuentra la fuerza y luz para una renovación autentica de la catequesis (Cf CT 9). La formación espiritual desarrollase en un proceso de fidelidad Aquel que es principio inspirador de la obra catequética: el Espíritu Santo.
La cualificación doctrinal es la segunda línea que quería referir. Esta hade ofrecer un conocimiento orgánico del mensaje cristiano, que se articula en torno al misterio central de la fe, que es Jesucristo (Cf DGC 240). La formación deberá de ser sintética, de corresponder al anuncio a transmitir, donde los diferentes elementos de la fe deben de aparecer bien estructurados y armonizados entre si, en una visión orgánica que respecte la jerarquía de las verdades, ayudando los catequistas a madurar su fe y a se capacitaren para donar razones de su esperanza. Esta formación debe de ser impartida en estilo catequético, lo más prójimo posible de las realidades donde los catequistas van a ejercer su tarea (Cf DGC 241).
La tercera línea que quería referir es la cualificación en las ciencias humanas, pues el catequista debe de conocer la persona a quien se dirige y el medio donde está. El Vaticano II en el documento Gaudium et Spes ha dicho que: “Hay que reconocer y emplear suficientemente en el trabajo pastoral no sólo los principios teológicos, sino también los descubrimientos de las ciencias profanas, sobre todo en psicología y en sociología, llevando así a los fieles a una más pura y madura vida de fe”(GS 62).
Por último la cualificación pedagógica del catequista. Pero partiendo del principio de que el catequista es alguien que se prepara para ser el que va a facilitar el crecimiento de una experiencia de fe, de la cual el no es dono, sino colaborador de la acción de Dios, que ha depositado la semilla de la fe en el corazón del catecúmeno.
Entonces, de lo que se trata es de conocer bien la pedagogía de la fe. Es normal que se adapten a la catequesis las técnicas empleadas en la educación en general, pero hay que tener bien presente la originalidad de la propia fe. En la pedagogía de la fe no se trata simplemente de transmitir un saber humano, sino de transmitir la integridad de la Revelación de Dios (Cf CT 58). El propio Dios, a lo largo de la Historia de la Salvación, ha usado y mostrado Su propia pedagogía, que debe de ser el modelo de la pedagogía de la fe. “La formación tratará de que madure en el catequista la capacidad educativa, que implica: la facultad de atención a las personas, la habilidad para interpretar y responder a la demanda educativa, la iniciativa de activar procesos de aprendizaje y el arte de conducir a un grupo humano hacia la madurez. Como en todo arte, lo más importante es que el catequista adquiera su estilo propio de dar catequesis, acomodando a su propia personalidad los principios generales de la pedagogía catequética” (DGC 244).
Para terminar, quería referir que la importancia de la formación de los catequistas brota de la convicción de que cualquier actividad pastoral, si no es realizada con personas bien preparadas, pone en riesgo su suceso. Además, los instrumentos de trabajo colocados a la disposición de la pastoral catequética, si no son utilizados por catequistas bien formados, no son de hecho eficaces, por lo tanto una adecuada formación de catequistas no puede ser descuidada en provecho de la actualización de los textos y de una mejor organización de la catequesis, como lo refiere el numero doscientos y treinta y cuatro del Directorio General para la Catequesis.
Al catequista se debe de proporcionar una formación que, partiendo de la profesión de fe bautismal, ofrezca una exposición orgánica y sistemática de los contenidos fundamentales de la fe y de la vida cristiana. Debe de colocarse a su alcance una formación teológica que lo ayude a consolidar la fe recibida, proporcione certezas básicas de la fe y lo prepare para ser testigo y transmisor de la misma fe.
La tarea de comunicar la fe recibida es realizada en las comunidades concretas de cada catequista, donde, preferentemente, se debe realizar también su formación. Esto sin olvidar que cada catequista es miembro de la Iglesia universal, por lo que la formación debe ser realizada en la unidad de la fe de la Iglesia de manera que ayude a crecer en la comunidad eclesial.
Esta formación tiene como objetivo donar la capacitación adecuada a los catequistas para transmitir el Evangelio a aquellos que desean entregarse a Jesucristo, como dice el Directorio. Por lo tanto, la finalidad de la formación requiere que el catequista se torne lo más idóneo posible para realizar un acto de comunicación. El objetivo central de la formación catequética es tornar el catequista apto para la comunicación del mensaje cristiano (Cf DGC 235), iniciando a la vida de fe los catecúmenos o catequizandos, poniendo los cimientos de lo que es ser cristiano.