Um Deus que não serve para nada…?

O homem moderno julga viver num mundo como se Deus não existisse. Negou a existência de um deus repressivo, frente ao qual o homem fica sem espaço para existir. Contudo, não olhou para o verdadeiro Deus que, não sendo um relojoeiro nem um vingador, se revela como um Deus que, sem perder a identidade, se coloca livremente ao serviço do homem.
A ciência está a desenvolver-se de um modo que a ética é interpelada, alertando para o respeito pela Humanidade, para os direitos e para a dignidade da pessoa humana. É, talvez, esta uma forma indirecta de colocar a questão de Deus na sociedade moldada pela tecnologia, onde a ciência e vista como a plenitude do ser humano, a sua salvação. Será a ciência capaz de responder às questões fundamentais do Homem integral? Fica a interrogação.
Por outro lado, possuímos modos próprios de escutar a realidade, para lhe descobrir os fundamentos e o sentido. Oscilamos e temos dúvidas , mas um observador imparcial poderá ver que estamos a caminhar para o retomo do religioso. Deus, que foi arrebatado das ciências deste século e para o qual Nietzsche anunciou a morte, está de volta nas interrogações do homem.
A admiração é o momento inicial de todo o conhecimento humano. Mas não é no espanto que o crente pode intuir a gratuidade de ser chamado à comunhão com Deus? A maravilha desta graça pode fazer surgir a interrogação sobre as razões da esperança. Nesta dinâmica, revela-se um homem como mistério, em abertura para o mundo, em busca de um sentido sempre maior.
Deus, ocultado pelo pensamento autónomo, reaparece através da mediação interpessoal, pela admiração e pelo amor. É um Deus que está para além das categorias de necessidade, utilidade e contingência. Não será este o Deus da Sagrada Escritura que, mesmo revelando-se, mantém a sua identidade de totalmente Outro, que não se confunde com nenhuma realização humana?
Com a derrocada dos tradicionais pontos de partida para Deus, o cosmológico e o antropológico, torna-se claro que o homem moderno não precisa de Deus para explicar o cosmos e muito menos para implantar uma antropologia ou ética cheios de sentido. É precisamente aqui, num clima de secularização e indiferença religiosa, de expansão da ciência e da tecnologia, que se coloca a questão de Deus de uma forma totalmente livre e gratuita. Deus, não já como explicação, aparece, então, como dom.
A afirmação pós-moderna da não necessidade de Deus é precisamente o luxo supremo de toda a vida humana. Para os crentes, Deus é o luxo que procuram numa sociedade tecnológica e científica. Neste sentido, Deus é mais que necessário, mas sem se constituir em função da nossa sociedade.
Não nos sentimos nós atraídos por um amor que se atreve ao inútil, ao supérfluo e ao desnecessário? Não será que o Deus de Jesus Cristo necessita dos homens, não para ser Deus, mas sim para ser um Deus dos homens?

Ressurreição

Não há nada mais consolador do que saber que o nosso corpo ressurgirá, que a morte e a consequente separação das pessoas queridas não é a última palavra.

O desejo original

O homem é humus, vem da terra e para ela volta. É mortal e está consciente de que o é: isto torna-o humano.

Contudo, volta à terra como uma semente caída da planta, regressa ao lugar de onde veio como promessa de vida.

A ressurreição não é simples reanimação de um cadáver que volta a viver, mortal como antes. É, pelo contrário, aquela plenitude de felicidade e de vida – não há felicidade sem vida – a que sempre aspiramos.

É a realização do nosso desejo original: tornarmo-nos como Deus (cf. Gn 3, 5). Um desejo purificado, ordenado e realizado pelo próprio Deus em Cristo.Toda a cultura é uma espécie de máquina feita para derrubar os limites. O homem sente dentro de si a ânsia de libertar-se do último limite para gozar de uma existência livre da hipoteca da morte.

O início da ressurreição universal

A ressurreição, centro da fé cristã, refere-se precisamente ao corpo e funda-se na esperança de Jesus ressuscitado. A sua e a nossa ressurreição relacionam-se de tal modo que uma não é verdadeira sem a outra.

De facto, a ressurreição de Jesus é para nós; é o início da ressurreição universal dos mortos.

A história toda é vista como um parto que gera a nova criatura. E a própria criação espera com impaciência, «geme e sofre nas dores de parto», esperando vir à luz da glória dos filhos de Deus, à redenção do corpo (cf. Rm 8,19-24).

Por isso, não nos interessa a teoria da reincarnação que nega a ressurreição do corpo enquanto o considera um peso de que é necessário libertar-nos.

A manhã de Páscoa

Na manhã de Páscoa veio à luz a cabeça, Cristo. Vem a seguir o corpo, que somos nós. Ele foi o primeiro que começou a viver uma vida que vai para além da morte; é o primogénito daqueles que ressuscitam dos mortos.

A ressurreição é a beleza de Deus participada ao homem e, nele, a toda a criação: são os novos céus e a nova terra contemplados por Isaías (65, 17), onde tudo tem o espanto de uma manhã perene que não conhece ocaso, de uma alegria nascente e perene.

Finalmente o homem inquieto – que não encontra «nada de novo debaixo do Sol», como diz Qohélet, o Eclesiastes (1, 9) – descobre a novidade inaudita que há tempos vem procurando.

É uma «visão» que supera a nossa imaginação, mas é também o sonho secreto do nosso coração.

Aqui e agora

Mas a eternidade, a vida nova e definitiva já entrou, com a morte e ressurreição de Jesus, na minha esperança.

É por mim vivida, aqui e agora, na indestrutibilidade dos gestos que faço: de amor, de fidelidade, de perdão, de amizade, de honestidade e de liberdade responsável. Gestos em que supero misteriosamente o tempo, alcançando a eternidade na medida em que me confio à vida e à eternidade do crucificado Ressuscitado que venceu a morte.

É bom pensar que posso resgatar a angústia do tempo, a história do meu corpo, com actos de dedicação que têm um valor definitivo, depositado na plenitude do corpo ressuscitado de Cristo!

É bom pensar que cada palavra que digo na oração é mais um tijolo lançado na eternidade para construir a morada que não tem fim.

O Corpo

Há um texto muito lindo do card. Carlo Maria Martini sobre o corpo.
Vou respigar um pouco da parte que fala dos sacramentos de iniciação cristã.

O corpo do cristão

O cristianismo está totalmente fundado no corpo que Cristo assumiu: é a religião do Logos incarnado, da Palavra que se fez homem.

Ele é projectado no corpo do cristão que é mergulhado na água do baptismo e, depois, acompanhado ao longo dos vários momentos da vida, até à última doença e à morte, como prelúdio da ressurreição do corpo. Este corpo do cristão vive pela sua inserção no Corpo de Cristo que é a Igreja.

Portanto, o cristianismo tem no centro um corpo que nasce, cresce, comunica, reproduz-se, dilata-se, sofre, adoece, cura-se e morre; porque é fazendo-se corpo que vive a Palavra.

E todas as diversas fases do meu corpo têm um signifi­cado, uma «palavra» para que remetemos. Esta palavra é dita pelos sacramentos da Igreja, vejamos o da Iniciação Cristã.

Os sacramentos

Os sacramentos explicitam e exprimem a palavra dita pelo corpo, actualizam a sua potencialidade comunicativa.

Em cada sacramento há uma palavra que dá forma, sentido completo e vida a coisas e gestos relativos ao corpo humano e ao seu caminho para Deus, sempre em referência ao Corpo de Cristo e ao Corpo da Igreja.

O nascimento e o crescimento do corpo estão em conexão com o Baptismo, com a Confirmação e com a Reconciliação.

Alimentar-se e tornar-se adulto estão em conexão com a Eucaristia e com a Ordem sagrada.

Ser amado e amar em conexão com o Matrimónio.

O sofrimento e a morte em conexão com a Unção e o dies natalis, com o baptismo definitivo. Daqui deriva uma concepção da morte como nascimento para a vida e para a promessa da ressurreição e da transfiguração do corpo.

Uma abordagem sistemática do Ritual de Iniciação Cristã dos Adultos

À catequese de iniciação cristã corresponde estruturar a conversão a Cristo, dando as bases para essa primeira adesão. Os convertidos, mediante “um ensinamento de toda a vida cristã e uma aprendizagem devidamente prolongada no tempo”(AG 14) são iniciados no estilo de vida evangélico e nos mistérios da salvação. O objectivo é iniciar na plenitude da vida cristã.
Deste os tempos apostólicos, o ‘tornar-se cristão’ exige um caminho de iniciação, com diversas etapas. “Este itinerário pode ser percorrido rápida ou lentamente”(CCE 1229) e tem no catecumenado baptismal o seu modelo inspirador. E, uma vez que é um processo de conversão é essencialmente gradual e cristocêntrico, porque está ao serviço daquele que decidiu seguir Cristo.

O RICA apresenta as seguintes etapas:

• evangelização ou pre-catecumenado (RICA 9-13)
Antes da admissão ao catecumenado, existe um tempo de evangelização ou pré-catecumenado que tem como objectivos apresentar com firmeza o querigma, propiciar a conversão inicial a Jesus Cristo, a quem os simpatizantes devem dar um primeiro assentimento, desejar seguir a Cristo e pedir o Baptismo. Nesta fase preparatória, cada um sente-se chamado a afastar-se do pecado e a abraçar o mistério da divina caridade, sob a acção do Espírito Santo, que abre o coração daqueles que desejam acercar-se da fé. Esta etapa preparatória é de suma importância, tanto mais que hoje as vias tradicionais de iniciação cristã – família e sociedade – não logram alcançar este objectivo. O centro deste anúncio é a Boa Nova proclamada por Deus, o Seu mistério de salvação para todos os homens, realizado em Jesus Cristo, morto e ressuscitado, e as suas implicações na vida do homem.

• catecumenado (RICA 14-20)
Segue-se a entrada no catecumenado, que é um tempo prolongado, onde os candidatos recebem a formação cristã e se submetem a uma adequada disciplina. Aqui tem um papel importante o Catecismo da Igreja Católica que há-de ser ponto de referência obrigatório para essa formação cristã, nas suas diversas componentes. Espera-se que os catecúmenos possam adquirir uma conveniente maturidade cristã, levando para isso vários anos. “Com efeito, através da instrução e da aprendizagem da vida cristã durante um período suficientemente prolongado, os catecúmenos são iniciados nos mistérios da salvação, na prática dos costumes evangélicos e nos ritos sagrados que a seu tempo se hão-de celebrar e são introduzidos na vida da fé, na vida litúrgica e na vida de caridade do povo de Deus”(RICA 98).

• tempo da purificação e da iluminação (RICA 20-27)
Segue-se o tempo de purificação e da iluminação que coincide, normalmente, com a Quaresma. Este tempo destina-se a preparar intensamente o espírito e o coração dos candidatos que, pelas suas disposições, são idóneos para celebrar os sacramentos de iniciação. Este tempo é de iluminação porque, em razão do Baptismo, os neófitos são iluminados pela luz da fé. A Igreja propõe aos catecúmenos um tempo mais intenso de purificação, através da catequese e acções litúrgicas, da oração, dos exorcismos, da prática de penitência e do jejum, para lutarem contra as forças dos mal e purificarem o coração. Aqueles que já foram baptizados celebram aqui também o sacramento da Penitência com o qual são redimidos dos pecados cometidos após o Baptismo. A Igreja propõe-se, como Mãe, a gerar em Cristo aqueles que percorreram o caminho de iluminação e de purificação. É neste período que se faz a entrega do Símbolo e do Pai Nosso.

• celebração dos sacramentos
Segue-se a celebração dos Sacramentos de Iniciação, no caso dos não baptizados. Esta celebração faz-se ordinariamente na Vigília Pascal, presidida pelo Bispo e na presença de toda a comunidade cristã.

• mistagogia (RICA 27-40)
O tempo que se segue, o da mistagogia, é aquele onde toda a comunidade, juntamente com os neófitos, aprofunda cada vez mais o mistério pascal e procura traduzi-lo na vida, em fidelidade ao Evangelho, pela participação na Eucaristia e pelo exercício da caridade. Após a celebração dos sacramentos e pela experiência dos mesmos pode aprofundar-se o conhecimento dessas realidades salvíficas. O “sentido e o valor deste tempo vêm da experiência, pessoal e nova, tanto dos sacramentos como da comunidade”(RICA 40).

Catequese com Crianças

“Em seguida, passado pouco tempo, na escola e na igreja, na paróquia ou no âmbito da assistência religiosa do colégio católico ou das escolas do Estado, simultaneamente com a abertura a um círculo social mais vasto, chega o momento de uma catequese destinada a introduzir as crianças de modo orgânico na vida da Igreja, e a prepará-las para a celebração dos Sacramentos. Catequese didáctica, sem dúvida, mas visando um testemunho de fé que há-de ser dado; catequese inicial, sim, mas não fragmentária, pois deverá apresentar, embora de maneira elementar, todos os mistérios principais da fé e sua incidência na vida moral e religiosa das crianças; catequese, enfim, que há-de dar sentido aos Sacramentos, mas ao mesmo tempo receber desses Sacramentos vividos uma dimensão vital, que a impeça de permanecer simplesmente doutrinal e comunique às crianças a alegria de serem testemunhas de Cristo no meio em que vivem”. (CT 37).

Destaco que este número começa por referir a mudança na vida da criança, que deixa o âmbito estritamente familiar para se abrir socialmente, quer na escola, quer na Igreja. É tempo de começar a catequese orgânica, precisamente o contrário da anterior, a do despertar religioso, que é ocasional e de acordo com o que as circunstâncias da criança se propuserem. Esta catequese, agora, tem como objectivo introduzir a criança na vida da Igreja.
Esta iniciação tem a sua raiz no Baptismo, celebrado pouco tempo depois do seu nascimento. A esta etapa da catequese cabe a iniciação orgânica e sistemática, em ordem a uma primeira síntese de fé. A iniciação realiza-se em Igreja e é a ela que cabe essa missão, levada a cabo pelos catequistas. Estes são o referente comunitário, para a criança, que tem nele não só o referente, como também o meio e o método para chegar à plena iniciação cristã, através do testemunho.
A graça baptismal, donde partimos na catequese de infância ordinariamente, deve ser desenvolvida pelo catequizando, com a ajuda do catequista, de modo a conseguir-se a profissão de fé, elemento interior deste sacramento e objectivo da catequese(DGC 66).
Esta catequese inicial tem como objectivo a primeira síntese de fé, transmitindo à criança a fé que a Igreja confessa, celebra, vive e ora, tudo isto na comunidade e com o dever de dar testemunho(DGC 85-87). Por isso, esta catequese é didáctica, mas visando o testemunho de fé que a criança deve dar. Para isso, devem ser transmitidos todos os principais mistérios da fé e as suas repercussões na vida da criança. Salvaguarda-se que isto se deve acomodar à idade e às capacidades da criança.
Esta etapa catequética (DGC 178) deve proporcionar uma síntese elementar da história da salvação e um contacto com a Sagrada Escritura, deve também possibilitar que a criança seja capaz de levar uma vida de oração, quer pessoal quer comunitária. Que saiba participar nos sacramentos, nomeadamente na Eucaristia, de forma activa e frutuosa. Também se espera que a criança comece a agir com consciência cristã, vinculando a sua vida a Cristo e que, por isso, assuma opções concretas, conformes à fé.
Porque é eminentemente educativa, a catequese da infância deve preocupar-se por desenvolver aqueles recursos humanos que formam o substrato antropológico da vida cristã: são eles o sentido da confiança, a gratuidade, o dom de si mesmo e a participação alegre na vida de fé.
De referir também a catequese de iniciação não tem como objectivo a mera preparação para os sacramentos, mas sim promover que realizem um itinerário pessoal de vida cristã, no qual se inserem os sacramentos como momentos fortes do crescimento da fé. Os sacramentos são, isso sim, momentos fortes da maturidade cristã que a criança vai alcançando.
A catequese que dá sentido aos sacramentos possibilita também que eles sejam vividos numa dimensão vital. Por isso a verdadeira catequese não se fica apenas na dimensão gnoseológica, antes impregna toda a vida da criança, todas as suas dimensões e capacidades, levando-a a viver com alegria a sua opção por Cristo, dando testemunho d’Ele no meio em que vive. A sua vida agora gira não só em torno da família, mas também no ambiente escola: dois ambientes educativos vitais.
A catequese familiar é, de certo modo, insubstituível, pois é aí que se pode verificar aquele ambiente acolhedor e positivo onde, pelo exemplo dos adultos, se pode dar a primeira sensibilização explícita e prática de fé.
É à família que cabe a missão dos despertar religioso, mas isso nem sempre acontece, pelo que ao iniciar-se a catequese na paróquia se deve ter em especial atenção aqueles que não tiveram o despertar religioso, para que, com tacto e delicadeza, a comunidade paroquial saiba tratar convenientemente cada caso que, como é óbvio, deve merecer um tratamento especial.

Desculpem!

No dia de Pentecostes tive a grata surpresa, folheando um livro belíssimo para a catequese (O meu filho vai à catequese), de ver este blog anotado na referência bibliográfica.
Fiquei, no primeiro momento, vaidoso. Depois, considerei melhor e tive vergonha de ter ficado vaidoso, deveria era sentir-me mais comprometido a continuar esta partilha: difícil, porque me sai das entranhas e por vezes incompreendida por aqueles que estão mais próximos destas ‘matérias’.

Fica a promessa de, periodicamente, colocar aqui as minhas partilhas e desabafos.

Bem haja.

O Nome de Deus na Bíblia

Quando Jesus nasceu, foi-lhe dado um nome. Antes disso, não se encontra na Bíblia nenhum lugar onde se dê um nome a Deus. Mesmo quando Moisés perguntou a Deus qual era o Seu Nome, Deus não lhe disse qual o Seu Nome. Mas usou de expressão em lugar do nome.
Para o Povo de Deus o nome não era apenas uma palavra externa com a qual chamamos alguém. O nome possuía um conteúdo interior. Deveria significar aquilo mesmo que a pessoa era no íntimo de seu ser. Daí a dificuldade de se chamar Deus por um nome. Quem poderia penetrar o íntimo divino?

Na Bíblia encontramos certas expressões que designavam a Pessoa Divina. Eis as mais conhecidas:
Elôhim: é o plural de “El”. O SENHOR.
ADONAI: quer dizer MEU SENHOR ou MEU DEUS.
ELYON: significa a parte mais alta de um lugar. É usada para dizer O DEUS ALTÍSSIMO.
SADDAI: palavra que significa O TODO PODEROSO.
JAVÉ: (Jaheweh) quer dizer: EU SOU AQUELE QUE SOU.
Jeová: é uma tradução errada de “Yahweh”.Os judeus tinham excesso de respeito com o nome de Deus. O segundo mandamento do Decálogo (10 mandamentos) não permitia que se pronunciasse o nome de Deus em vão. Então por medo de usar indevidamente um nome tão sagrado, os judeus passaram a escrever “Javé” somente com as quatro consoantes, sem as vogais. Então ficou YHWH. Mais tarde, colocaram as vogais da palavra Adonai e surgiu ” Yehowah” ( Jeová ) em lugar de Yaheweh ( Javé ). Quer dizer DEUS.

Mas, acima de tudo, o Catequista, é-o sempre em nome de Deus e enviado pela Comunidade…

Eucaristia: Pão que mata a fome de plenitude!

O ser humano é um ser carencial (M. Zambrano), que tem que resolver diversas necessidades, inclusivamente espirituais, sempre tendendo para a plenitude. Toda busca se centra na grande procura, na procura do sentido, que se concretiza nestas perguntas: quem sou?; de onde venho?; para onde vou?; Para quê tudo isto?…
É que, às vezes, pode chegar-se conclusão de que:

«Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim(…).

Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que projecto:
Se me olho a um espelho, erro –
Não me acho no que projecto».
(Mário de Sá-Carneiro)

É neste contexto, que eu observo cada dia pelas ruas da Cidade, que percebo cada vez melhor o Deus que se nos dá em alimento como pão: o Pão da Vida.
Cristo vê-nos com fome sede, conhece-nos, sabe que temos fome e sede de felicidade, de paz, de vida e de amor. Fome de autenticidade, de verdade e de integridade pessoal.
Porque Cristo é a Vida, e vida em abundância, nEle alimentamo-nos de verdade, de vida, de felicidade, de paz.
Na Eucaristia encontramos, de facto, a Vida que nos permite ter vida em abundância e vivificar os ambientes em que nos inserimos, nos quais fazemos caminho e onde experimentamos a salvação de Deus.

O que fazer no «despertar religioso»?

Uma das grandes dificuldades da catequese actual deve-se ao facto de muitos catequizandos, apesar de frequentarem a catequese, não terem dado ainda o «salto da fé», ainda não terem dado a sua primeira adesão a Jesus Cristo.
Mas, «para que os candidatos dêem este passo, é necessário que neles tenham sido lançados os primeiros fundamentos da vida espiritual e da doutrina cristãs: um princípio de fé concebida durante o tempo do pré-catecumenado, um começo de conversão e uma primeira vontade de mudar de vida e de estabelecer relações pessoais com Deus em Cristo e, consequentemente, um primeiro sentido de penitência, a prática incipiente de invocar a Deus e de oração e ainda uma primeira experiência de vida da comunidade e do espírito cristão»(RICA 15).

Para que se possa falar de catequese propriamente dita, o catequizando deve:

– Aderir com firmeza o querigma;
– Mostrar uma conversão inicial a Jesus Cristo;
– Dar o primeiro assentimento de fé;
– Desejar seguir a Cristo;
– Desejar celebrar os Sacramentos da fé.

Agora sim, podemos contar com mais um catequizando…

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(c) 2005 – Ricardo Martinelli

Desenvolvimento Espiritual

É certo que a espiritualidade está de novo a ser descoberta e valorizada, e em sectores da sociedade estranhos e até afastados da Igreja, o que se calhar até é bom: consegue purificar-se a beleza que existe na relação com a Transcendência das «mesquinhices beatas» e «preconceitos eclesiásticos».
A tomada de consciência de que o ser humano procura uma resposta para as suas questões mais profundas, que não se esgotam num satisfazer de necessidades biológicas, e que superam a simples factualidade do dia-a-dia, lança cada ser humano na busca mais interessante da sua vida…

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As pessoas que se dedicam a investigar e a teorizar sobre estas áreas (cf. Zohar Danah e Ian Marshall, Inteligência Espiritual, ed. Sinais de Fogo, Lisboa 2005), sintetizam algumas qualidades presentes naqueles que querem progredir espiritualmente:
1 – Praticam e estimulam o auto-conhecimento profundo;
2 – São levadas por valores. São idealistas;
3 – Têm capacidade de encarar e utilizar a adversidade;
4 – São holísticas (capacidade de ver a relação entre coisas diversas);
5 – Celebram a diversidade;
6 – Têm independência (capacidade de lutar contra as convenções);
7 – Perguntam sempre «porquê»?;
8 – Têm capacidade de colocar as coisas num contexto mais amplo;
9 – Têm espontaneidade;
10 – Têm compaixão.