Para responde à questão colocada vou começar por recorrer a Thomas Kuhn que nos diz que, em ciência, «paradigma» é uma certa visão do mundo, num determinado tempo histórico. Isto é, numa determinada época do desenvolvimento da ciência, as investigações científicas são orientadas e estruturadas por um paradigma, isto é, por uma visão do mundo.
Esta visão do mundo inclui:
– uma teoria científica dominante;
– princípios filosóficos;
– uma concepção metodológica específica;
– leis e procedimentos técnicos padronizados, em ordem à obtenção de solução para os problemas.
Mas porque há vários paradigmas em simultâneo e alguns que se vão sucedendo, deixando cair uns e imergindo novos?
Escutemos Kuhn (citado por Rodrigues): «O triunfo de um novo paradigma pode dever-se a uma grande variedade de factores: a sua capacidade para explicar factos polémicos persistentes, a sua utilidade na resolução de problemas e realização de previsões adequadas e, em não menor medida, a aura e o prestígio dos cientistas que inventam uma nova teoria e a defendem. O prestígio pessoal de um cientista é muitas vezes considerado como sendo o resultado ou a prova de um excepcional engenho e inteligência. Mas pode também dever-se ao facto de ter apoios e amizades influentes no mundo das finanças e da política. Para que uma nova teoria se imponha, o seu inventor deve ter uma posição relativamente elevada na hierarquia universitária e facilidade no acesso a financiamento para a investigação».
Mas Karl Popper criticou o modo de Kuhn pensar e ver a ciência, dizendo que os paradigmas, tal com este os defende, não vão para além de um conjunto de formulações já aceites pela maioria, que acabam por ditar a moda do momento, à qual o investigador tem de se submeter.
Em Popper, a invenção de uma nova teoria ou de um novo sistema científico pressupõe que, em qualquer hipótese, para a sua validade, devam ser submetidos à prova num processo de reconstrução racional. Diz Popper (citado por Neves, 2002) «Ora, eu sustento que as teorias científicas nunca são inteiramente justificáveis ou verificáveis, mas que, não obstante, são susceptíveis de se verem submetidas à prova». Assim sendo, a objectividade e validade dos enunciados científicos está na sua possibilidade de poderem ser submetidos à prova da razão.
Concluindo, se paradigma é uma determinada visão do mundo, essa tem que contemplar também a dúvida e a incerteza. A razão plural e partilhada acaba, então, por ser o grande motor da evolução dos paradigmas, e por, consequência, da ciência.
Inclino-me para pensar que Popper é mais abrangente e adequando ao desenvolvimento das ciências. Concordais comigo?
[] L
Fontes:
Francisco Ramos Neves, KARL POPPER e THOMAS KUHN: reflexões acerca da
epistemologia contemporânea I, in https://www.revistafarn.inf.br/revistafarn/index.php/revistafarn/article/view/67/77.
Luís Rodrigues, A evolução da Ciência: Continuidade ou ruptura?, https://ocanto.no.sapo.pt/apoio/ciencia2.htm#kuhn
O Caminho da Ciência!
Agora que estou a entrar neste mundo, de novo, da investigação, veio-me à memória um texto de Popper, que está na introdução do seu livro O Futuro Está Aberto, que me marcou há uns anos atrás e que agora emergiu das minhas memórias. diz ele:
Só há um caminho para a ciência: encontrar um problema, ver a sua beleza e apaixonar-se por ele; casar e viver feliz com ele até que a morte nos separe – a não ser que obtenhamos uma solução. Mas, mesmo que obtenhamos uma solução, poderemos então descobrir, para nosso deleite, a existência de toda uma família de problemas-filhos, encantadores ainda que talvez difíceis, para cujo bem-estar poderemos trabalhar, com um sentido, até ao fim dos nossos dias.
Karl Popper
O Caminho da Ciência!
Agora que estou a entrar neste mundo, de novo, da investigação, veio-me à memória um texto de Popper, que está na intordução do seu livro O Futuro Está Aberto, que me marcou há uns anos atrás e que agora emergiu das minhas memórias. diz ele:
Só há um caminho para a ciência: encontrar um problema, ver a sua beleza e apaixonar-se por ele; casar e viver feliz com ele até que a morte nos separe – a não ser que obtenhamos uma solução. Mas, mesmo que obtenhamos uma solução, poderemos então descobrir, para nosso deleite, a existência de toda uma família de problemas-filhos, encantadores ainda que talvez difíceis, para cujo bem-estar poderemos trabalhar, com um sentido, até ao fim dos nossos dias.
Karl Popper
Quais os paradigmas em que se pode inserir a investigação educacional?
Quais os paradigmas em que se pode inserir a investigação educacional?