O facto de que a Igreja exista para evangelizar (Cf. EN 14) leva a que as reflexões produzidas pela Teologia Prática tenham a transmissão da fé como pano de fundo, em torno do qual, ou ao serviço do qual, realiza o seu trabalho. É neste quadro que nos inserimos, procurando perceber até que ponto o digital, entendido aqui no sentido amplo e cultural, pode ser utilizado na educação cristã.
Na cultura digital, o processo de ensino e aprendizagem — quer na aprendizagem ao longo da vida, quer na aprendizagem informal — dá destaque ao que Manuel Castells denomina por “nós”. Estes podem ser bibliotecas, organizações, pessoas, sítios da internet, livros, revistas; numa palavra, tudo a que se possa recorrer para resolver um problema ou descobrir algo que se quer aprender. A importância de cada “nó” depende, não das suas características especiais, «mas da sua capacidade para os objetivos da rede»[1], daquilo que aporta e potencia.
As redes, como estruturas abertas, promovem organizações sociais dinâmicas e abertas, muito suscetíveis à inovação e à expansão, o que coloca o problema da identidade, e da sua manutenção, com tudo o que isso implica na missão da Igreja ao serviço à fé, para que a identidade continue a ser cristã e não outra, no ambiente digital.
Este ambiente, na ligação com os outros ambientes com os quais o indivíduo interage, continua a ter um tempo e um espaço próprios. O espaço, embora imaterial, continua a ser o suporte das práticas que acontecem em simultâneo e que estão interligadas, ao passo que o tempo deverá ser compreendido como uma sequência de práticas, se bem que no tempo intemporal deixa de haver uma sequencia cronológica, para se privilegiar a simultaneidade, o perpétuo presente.
[1]M.
Castelles, «Informacionalismo, redes y sociedade red: una propuesta teórica», in M.
Castelles(ed.),
La sociedad red: una visión global, Alianza Editorial, Madrid 2006, 27.