Considero que é indiscutível que vivemos imersos num mar de ruídos, sons e palavras que nos deixam insensíveis para escutar a Palavra que sussurra no quotidiano mais singelo. Este dado ganha mais densidade, quando se considera o facto de que a palavra de Deus se torna acessível à fé através do “sinal” de palavras e gestos humanos, do quotidiano. A fé reconhece o Verbo de Deus, acolhendo os gestos e as palavras com que Ele mesmo se nos apresenta. Portanto, o horizonte sacramental da revelação indica a modalidade histórico-salvífica com que o Verbo de Deus entra no tempo e no espaço de cada pessoa, tornando-Se interlocutor de cada um de nós, chamados a acolher na fé o seu dom (Cf. VD 56). E este dom é percebido, saboreado e acolhido no hoje de cada pessoa.
É por isso que se não é por falarem muito que são ouvidos (Cf. Mt 6, 7), também não é por ouvir muito que assumem a fé. Mas sim por ouvir bem (Cf. Sl 115), da Fonte segura e não dos ídolos.
Também aqui, «não nos é pedido que sejamos imaculados, mas que não cessemos de melhorar, vivamos o desejo profundo de progredir no caminho do Evangelho, e não deixemos cair os braços. (…) Todavia, se não se detém com sincera abertura a escutar esta Palavra, se não deixa que a mesma toque a sua vida, que o interpele, exorte, mobilize, se não dedica tempo para rezar com esta Palavra, então na realidade será um falso profeta, um embusteiro ou um charlatão vazio» (EG 151).
E passou ao lado da Fonte da água viva…