«O pós-moderno apresenta duas caras: a dissolução do obrigatório no facultativo tem dois efeitos certamente contrapostos, mas estreitamente relacionados entre si. Por um lado, a fúria sectária da auto-afirmação neotribal, o retorno à violência como instrumento principal para construir a ordem, a busca febril de verdades circunscritas que se espera que encham o vazio da ágora deserta. Por outro lado, a negação dos dirigentes da ágora de ontem de julgar, de fazer distinções, de eleger entre diferentes alternativas. Toda a opção está bem, desde que seja uma opção, e toda a ordem é boa desde que seja uma entre várias e não exclua aos outros. A tolerância dos dirigentes nutre-se da intolerância das tribos. A intolerância das tribos robustece-se com a tolerância dos dirigentes».
(Zygmunt Bauman, La sfide dell’etica, ed. Feltrinelli, Milano 2010, 147)