A diversidade de uso da expressão «dignidade da pessoa humana»

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A dignidade da pessoa humana apresenta-se, nos nossos dias, de modo diverso. Para alguns, essa dignidade está baseada na autonomia total do homem, sem nenhuma relação ao Deus transcendente, chegando mesmo a negar a sua existência e o facto de ser o Criador.
Há outros que reconhecem valor intrínseco ao ser humano e a sua autonomia relativa, e postulam a liberdade pessoal. Contudo, põe o fundamento último na relação com a transcendência divina, mesmo que seja entendida de forma diversa.
Há ainda outros, finalmente, que põe principalmente a fonte e a significação do valor do homem, pelo menos depois do pecado, na incorporação em Jesus Cristo, Deus e Homem.

Direitos Humanos

A missão da Igreja é o anúncio do querigma da salvação obtida por todos, através de Cristo morto e ressuscitado.
Esta salvação tem a sua primeira origem no Pai, que enviou o Filho e se comunica com os homens concretos, como participação na vida divina, através do Espírito Santo.
À aceitação do querigma corresponde uma nova vida de fé. A graça implica uma conversão que tem muitas manifestações na vida concreta do crente, em qualquer campo de acção da pessoa que se converte a Cristo.
Por tudo isto, a Igreja não pode, no seu múnus de anuncia a Cristo, omitir na sua pregação a proclamação da dignidade e direitos da pessoa humana, que o cristianismo deve respeitar fielmente em todos os homens.
Este direito e esta obrigação do povo de Deus, de proclamar a dignidade da pessoa humana, reveste-se de uma especial urgência no nosso tempo, porque se vê uma carência muito grande de valores humanos e cristãos, por um lado, e por outro se toma cada vez mais consciência das injustiças realizadas contra a pessoa humana.
Felizmente, hoje, reveste-se de destaque especial a proclamação dos direitos humanos na pregação e na vida da Igreja.

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Andaremos por aqui nos próximos tempos…

Um Deus que não serve para nada!

No momento de planear a catequese, convém ter presente que o homem moderno julga viver num mundo como se Deus não existisse. Negou a existência de um deus repressivo, frente ao qual o homem fica sem espaço para existir. Contudo, não olhou para o verdadeiro Deus que, não sendo um relojoeiro nem um vingador, se revela como um Deus que, sem perder a identidade, se coloca livremente ao serviço do homem.
A ciência está a desenvolver-se de um modo que a ética é interpelada, alertando para o respeito pela Humanidade, para os direitos e para a dignidade da pessoa humana. É, talvez, esta uma forma indirecta de colocar a questão de Deus na sociedade moldada pela tecnologia, onde a ciência e vista como a plenitude do ser humano, a sua salvação. Será a ciência capaz de responder às questões fundamentais do Homem integral? Fica a interrogação.
Por outro lado, possuímos modos próprios de escutar a realidade, para lhe descobrir os fundamentos e o sentido. Oscilamos e temos dúvidas, mas um observador imparcial poderá ver que estamos a caminhar para o retomo do religioso. Deus, que foi arrebatado das ciências deste século e para o qual Nietzsche anunciou a morte, está de volta nas interrogações do homem.
A admiração é o momento inicial de todo o conhecimento humano. Mas não é no espanto que o crente pode intuir a gratuidade de ser chamado à comunhão com Deus? A maravilha desta graça pode fazer surgir a interrogação sobre as razões da esperança. Nesta dinâmica, revela-se um homem como mistério, em abertura para o mundo, em busca de um sentido sempre maior.

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Deus, ocultado pelo pensamento autónomo, reaparece através da mediação interpessoal, pela admiração e pelo amor. É um Deus que está para além das categorias de necessidade, utilidade e contingência. Não será este o Deus da Sagrada Escritura que, mesmo revelando-se, mantém a sua identidade de totalmente Outro, que não se confunde com nenhuma realização humana?
Com a derrocada dos tradicionais pontos de partida para Deus, o cosmológico e o antropológico, torna-se claro que o homem moderno não precisa de Deus para explicar o cosmos e muito menos para implantar uma antropologia ou ética cheios de sentido. É precisamente aqui, num clima de secularização e indiferença religiosa, de expansão da ciência e da tecnologia, que se coloca a questão de Deus de uma forma totalmente livre e gratuita. Deus, não já como explicação, aparece, então, como dom.
A afirmação pós-moderna da não necessidade de Deus é precisamente o luxo supremo de toda a vida humana. Para os crentes, Deus é o luxo que procuram numa sociedade tecnológica e científica. Neste sentido, Deus é mais que necessário, mas sem se constituir em função da nossa sociedade.
Não nos sentimos nós atraídos por um amor que se atreve ao inútil, ao supérfluo e ao desnecessário? Não será que o Deus de Jesus Cristo necessita dos homens, não para ser Deus, mas sim para ser um Deus dos homens?

Movimentos Eclesiais e Catequese – VII

Os novos movimentos são dons eclesiais pela sua origem, vida e missão. Nascem na Igreja, vivem nela e existem para a missão que a Igreja tem no mundo. Por isso, estes movimentos caracterizam-se pela fidelidade à Igreja universal, através da fidelidade à Igreja particular, e pela fidelidade ao carisma. A autosuficiência de qualquer grupo carismático, será um «suicídio eclesiológico».
Os critérios de eclesialidade para estes movimentos não são específicos deles, antes pelo contrário, pertencem aos critérios de eclesialidade de todas as realidades eclesiais.

Recolheremos os critérios que João Paulo II apontava na Chritifideles Laici:
– primado da santidade;
– confissão íntegra da fé apostólica em obediência ao Magistério;
– comunhão firme e convencida com o Papa, centro perpétuo e visível da unidade universal da Igreja, e com o Bispo, princípio e fundamento visível da unidade na Igreja particular;
– participação na evangelização e santificação da humanidade;
– compromisso social ao serviço da dignidade integral do homem.

A comunhão com a Igreja é um sinal de maturidade cristã, que não se alcança de uma vez para sempre, nem é plenamente satisfatório desde o princípio. É um processo que se deve fazer; um caminho a percorrer; uma meta a alcançar por etapas.
Os novos movimentos eclesiais percorrem este caminho, tornando-se cada vez mais conscientes da necessária inter-relação no interior do Povo de Deus. Não pode ser de outro modo. Enquanto carismas que nasceram no interior da Igreja e que existem para ela, aspiram à plena comunhão eclesial, que chega à sua maturidade quando se explicita na comunhão teológica, afectiva e efectiva com o Bispo diocesano, o que leva a implicarem-se activamente nos programas e objectivos da Igreja local, a porem-se ao serviço do bem comum e a afastarem-se de qualquer falso protagonismo.

Movimentos Eclesiais e Catequese – VI

Estes novos movimentos revestem-se de umas características que, não sendo exclusivamente suas, mas pertencentes à riqueza da Igreja em geral, neles revestem-se de uma peculiaridade especial.

Estes movimentos são:

Laicais, não só por estar integrados na sua maioria por leigos, mas sobretudo pela sua origem, espiritualidade e missão seculares;

Comunitários pois, no seio da Igreja comunhão, estes movimentos constituem um forte convite à experiência de comunidade, expressão da comunhão que a Igreja é. Os novos movimentos querem oferecer aos seus contemporâneos o ambiente terno da casa do Pai;

Primazia da experiência uma vez que a essência da comunhão com Deus é a experiência do encontro com o Senhor, geradora de uma gratificante conversão, que leva a uma relação com o Senhor e com os irmãos, da qual nascem correntes de água viva que revitalizam existencialmente a quem partilhada mesma experiência, convertendo-se, por sua vez, num oásis para a sociedade e para a Igreja. O cristianismo é, para os novos movimentos, muito mais que uma doutrina ou uma moral. O agir cristão é uma consequência da fé, não a sua essência;

Missionários. Estes movimentos levam bem inserida na sua identidade a missão, pois como carismas são dom para os demais. Como comunidade, manifestada na comunhão de fé e de vida, existem para a missão que Cristo confiou à Igreja. Todos são responsáveis pela missão, de acordo com a sua vocação e carisma;

Universais não só por estar em muitos países, terem muitos membros, mas sobretudo porque participam da catolicidade da Igreja;

Ecuménicos, procurando a unidade, porque praticam um ecumenismo em sentido amplo, na sua predisposição de derrubar todo o que sejam barreiras entre países, raças ou culturas. Favorecem a vertente espiritual do movimento da unidade, sobretudo na oração inter-confessional e no ecumenismo de vida, convivendo com todos e trabalhando em acções a favor do homem e da sociedade. A oração e a vida, quando unidas, geram tal força de comunhão e de amor entre os que a partilham que ajudam e possibilita um certo degelo dogmático e doutrinal.

Para além destas características, podemos ainda sublinhar o facto de serem
mais carismáticas que organizacionais, primarem a gratuidade em detrimento da
eficácia e de manterem uma relação filial com o Papa.

Movimentos Eclesiais e Catequese – V

Não é só a Igreja pós-Vaticano II, também a sociedade contemporânea da pos-modernidade está a precisar da existência de estas novas realidades eclesiais. Esta sociedade de massas, com falta de intimidade, super-organizada e burocrática, sem gratidão e sem poesia, agressiva e tecnificada, torna difícil a existência das pessoas, incapazes de adaptar-se a um mundo em desenvolvimento permanente, bloqueado na sua afectividade, no seu psiquismo e na sua vontade de conviver.
Os novos movimentos e comunidades oferecem alternativas muito significativas à sociedade pós-moderna, tecnocrata, encerrada no raciocínio científico, que a reveste de consumismo, mas também à Igreja e às grandes religiões históricas, imersas em boa parte, no racionalismo ético-metafísico.
Estes novos movimentos situam-se nesta sociedade de duas maneiras: como fermento na massa e como mediação. Estes novos movimentos, enquanto laicais e peculiarmente seculares, estão chamados impregnar a sociedade do espírito cristão e a ser testemunhas do Senhor, a partir da sua inserção na comunidade humana.

Paganização da cultura obriga a novos métodos catequéticos

Bispos portugueses dão orientações para catequese actual

Durante séculos, num contexto de cristandade, «a comunicação da fé passava quase espontaneamente de pais para filhos. O cristianismo fazia parte do património moral e cultural que se recebia da família e do ambiente. Hoje, porém, a transmissão da fé encontra dificuldades e levanta questões. Parece verificar-se menos abertura à fé tanto da parte das crianças e adolescentes como dos jovens e adultos» – reconhece a Nota da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) intitulada «Para que acreditem e tenham a vida» que oferece orientações para a catequese actual. Este documento da CEP, tornado público hoje mas aprovado na última Assembleia Plenária (23 de Junho), realça também que as dificuldades crescentes «na adesão ao Evangelho estão certamente relacionadas com as profundas transformações sócio – culturais que caracterizam um mundo novo. O modelo tradicional da comunicação da fé foi posto em causa no seio de uma sociedade pluralista, pluricultural, plurireligiosa e secularizada». E acrescenta: «também o racionalismo, a mentalidade científica e tecnológica produzem uma erosão do facto religioso. Estamos diante de uma mudança profunda, em alguns aspectos inédita em relação ao passado, que exige ser reconhecida e interpretada com urgência e lucidez». Perante estes factos, as «Orientações para a catequese actual» sublinham que à medida que a Igreja toma consciência da descristianização do ambiente social procura «responder a esta situação renovando a sua acção pastoral numa perspectiva de evangelização. Face ao alastrar da indiferença religiosa e à paganização da cultura e da vida, não basta manter as tradições e os hábitos cristãos e responder ao pedido de ritos religiosos». Torna-se necessário despertar a fé no «coração das pessoas, converter os baptizados que não conhecem ou não praticam o cristianismo, levar o evangelho aos afastados. É preciso começar a evangelizar pelo princípio, pôr em prática uma nova evangelização» – alerta.A catequese é um momento «estruturante da evangelização». Precisa, portanto, de ter presentes as características «da evangelização no mundo actual e situar-se neste processo com a sua identidade própria e o seu contributo específico». Para se tornarem evangelizadoras, as acções da Igreja devem ser realizadas «de uma forma renovada, em resposta à situação religiosa da nossa cultura. É necessário encontrar caminhos novos que levem ao encontro das pessoas afastadas, ouvir as suas questões e iluminá-las com o evangelho». Nesse sentido a catequese, no contexto da nova evangelização, deve revestir algumas características: «adoptar um caracter missionário procurando assegurar a adesão à fé. Para isso precisa de ir ao encontro da vida real dos catequizandos e de ter em conta as suas questões e experiências de modo a responder-lhes»; «Centrar-se no kerigma, ou seja, na pessoa de Jesus Cristo Ressuscitado e no Seu mistério de salvação. Jesus Cristo deve ser apresentado como Boa Nova, fonte de esperança e de sentido para a vida humana e para as questões das pessoas e da sociedade» e «Convidar constantemente a uma atitude de conversão ao Senhor em ordem ao crescimento na santidade pessoal e ao compromisso com o testemunho do Evangelho no mundo» – revela o Nota. Dividida em 7 pontos, o documento sobre as orientações para a catequese actual sublinha que durante muito tempo consideraram-se as crianças como «os destinatários privilegiados de catequese. Hoje esta actividade pastoral deve dirigir-se a todas as idades, pois todas as idades precisam de ser evangelizadas». Por outro lado, a situação cultural e religiosa da Europa exige a «passagem de uma fé apoiada na tradição social a uma fé mais pessoal e adulta, esclarecida e convicta». Só assim, os cristãos poderão «confrontar-se, criticamente, com a cultura actual e influir, eficazmente, nos vários sectores da vida social: cultura, economia e política» – menciona. Em relação ao papel desempenhado pelos catecismos, a nota veicula que estes são instrumentos para fazer catequese. «Desempenham uma função importante mas não são suficientes. Na verdade, a transmissão da fé assenta em vários outros elementos como o testemunho da Igreja, o exemplo de vida cristã da família e da comunidade local, o percurso pessoal de fé, a comunicação entre o catequista e catequizando, etc. Os catecismos são textos escritos de apoio que precisam de vida. É a comunidade cristã e o catequista quem dá vida ao catecismo».
in www.agencia.ecclesia.pt

Movimentos Eclesiais e Catequese – IV

Perante este fenómeno dos novos movimentos eclesiais e das novas comunidades, e da sua fecunda proliferação pela Igreja universal, podemos afirmar, com João Paulo II, que só é admissível aquela pluralidade que constitui «um hino à unidade».
Este princípio de unidade, que se deve sempre salvaguardar, e que deriva da comunhão na mesma fé, esperança e caridade, obedientes a Cristo e aos Pastores da Igreja; ou seja, pela comunhão no ser e no fazer da Igreja. Está é, indubitavelmente, a melhor chave de classificação dos movimentos, de entre as muitas que se poderia optar.

Objectivos e metodologia
Podemos desde já dizer que todos os movimentos coincidem nos objectivos gerais, que são a vivência experiencial da fé, a vivência em comunidade e o carisma dos seus fundadores. Isto tem como consequência que todos se esforcem por viver a perfeição da caridade, por construir a Igreja no tempo presente, edificando um mundo novo.
Depois, cada movimento, tem a sua peculiaridade, a sua forma específica de realizar estes objectivos. O que distingue um movimento do outro é a forma como cada um realiza os objectivos gerais, como os consegue concretizar.
No que diz respeito ao método, temos de ver que a essência do cristianismo é o acontecimento Cristo e a Sua Igreja: Cristo é o acontecimento original e a Igreja é a sua continuação no espaço e no tempo. O que os novos movimentos pretendem com os seus métodos é possibilitar o encontro com esse Acontecimento.
Se fosse preciso catalogar a metodologia seria catalogada como metodologia do encontro com Cristo, onde tudo o mais perde importância e é relativizado, procurando cada um viver o cristianismo na sua primeiríssima novidade.

Os principais passos desta metodologia são:
– encontro com o Senhor;
– deixar-se olhar pelo Senhor, e reconhecê-lo como Deus e Senhor;
– seguir a Cristo em radicalidade;
– num esforço missionário.
Se repararmos foi esta a metodologia que Cristo utilizou com os seus discípulos.