A década de 90 viu nascer dois instrumentos valiosos no âmbito catequético: o Catecismo da Igreja Católica(1992) e o Directório Geral da Catequese(1997). Nestes, podemos encontrar o resultado de toda a riqueza que o Concílio Ecuménico Vaticano II fez emergir na Igreja.
Mesmo a forma como o Catecismo foi acolhido mostra como, na Igreja, há tensões que nada ajudam à transmissão da fé. Há até a veleidade de, pela forma como se olha o Catecismo, pretender catalogar a que grupo de cristãos se pertence. É pena! Ou não somos todos de Cristo?!?
O Directório, por sua vez, ao consagrar uma catequese de estilo catecumenal, e ao pôr no devido destaque a Iniciação Cristã, coloca a descoberto um grande problema: faltam comunidades capazes de acolher, acompanhar e iniciar na fé.
Mas eu vejo o futuro com esperança. Sei onde pode estar a solução: nos catequistas, expressão da preocupação missionária de uma comunidade que, podendo não o ser, se quer capaz de iniciar na fé aqueles que mostram interesse em fazer um caminho de incorporação no Corpo Místico de Cristo.
O Catequista é «chamado a ensinar Cristo deve, portanto, antes de mais nada, procurar esse lucro sobreeminente que é o conhecimento de Jesus Cristo. Tem de aceitar perder tudo (…) para ganhar a Cristo e encontrar-se nEle e conhecê-Lo, a Ele, na força da sua ressurreição e na comunhão com os sofrimentos, conformar-se com Ele na morte, na esperança de chegar a ressuscitar dos mortos»(CCE 428).
É deste despojamento que há-de surgir a Catequese.
Algumas sombras
No nosso ambiente da catequese podemos encontrar, juntamente com muitos sucessos e experiências gratificantes, um certo mal-estar que se evidencia nos seguintes fenómenos:
– A catequese, que devia ser de iniciação cristã, não inicia. A conclusão da celebração dos sacramentos de iniciação cristã é vista, por muitos adolescentes e jovens, como o fim da vida cristã. O processo de iniciação converteu-se em «conclusão» da vida cristã!;
– A catequese, apesar de se realizar também com jovens e adultos (e há várias experiências dessas) ainda é vista como uma coisa de crianças, infantil e infantilizante;
– A catequese também é vista como escola, com a mera preocupação da transmissão de conteúdos cognitivos, ignorando a totalidade da pessoa. A catequese não «toca» os corações, não é significativa.
– A catequese, que deve de ser missionária, vive quase exclusivamente daqueles que se «inscrevem», é incapaz de se propor em âmbitos a-cristãos.
Discutir é isto!
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(c) 2005 – Sílvia Antunes
A Catequese terá futuro?
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Posto sobre algo que me fascina: a reflexão sobre a catequese.
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