A Igreja existe por causa de um acontecimento, que é a Páscoa, e perspectiva-se no carácter pessoal: a questão é quem é (ou quem somos Igreja) e não o que é a Igreja. A questão assim colocada sai da forma de questionar no âmbito das coisas para o âmbito da real existência eclesial, que é ao nível pessoal.
A Igreja, que é um ser um com o outro, constituída por pessoas, não é determinada por uma utilidade e proveito comuns, antes tem o seu fundamento na graça de Deus e no seu Espírito santo. Este ser um com o outro, que não é excludente, é aberto a todos, pois os crentes vivem da convicção de que cada um é chamado a esta aliança de Deus com todos. Este ser um com o outro iniciado pela iniciativa de Deus subsiste apenas aí, na comunidade eclesial, e concretiza-se em cada acontecer histórico. Por isso, a Igreja é um espaço de vida, pelo que cristãos creem a Igreja, porque creem no Espírito Santo. E perceber a identidade da Igreja só é possível quando se participa da vida eclesial, como lugar próprio de compreensão. Não é por acaso que Jesus, àqueles que lhe perguntava quem era (onde moras?), não lhe explica, antes convida à participação: «“Vinde e vereis”. Foram, pois, e viram onde morava e ficaram com Ele nesse dia» (Jo 1, 39).
É que dentro é o único local onde se compreende!